A degradação florestal na Amazônia atingiu um nível alarmante em 2024. Só na região do Xingu, o desmatamento alcançou 36.379 km², um salto significativo em relação aos 6.092 km² registrados em 2023, segundo dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon. Em resposta a esse cenário, a Rede de Sementes do Xingu (RSX) reforça a atuação na restauração ecológica por meio da inovadora técnica da muvuca de sementes.
Criada em 2004 para recuperar as margens degradadas do rio Xingu, que atravessa Cerrado e Amazônia entre Mato Grosso e Pará, a rede reúne agricultores familiares e outras comunidades locais. O grupo coleta sementes nativas e de apoio para recuperação ambiental, promovendo também geração de renda para comunidades tradicionais.
Coordenada pelo Instituto Socioambiental (ISA) desde 2007, a RSX fornece insumos para projetos de restauração florestal com base na muvuca: mistura de sementes de diferentes espécies, espalhadas diretamente sobre o solo. A técnica permite que cada espécie germine no momento mais adequado ao ambiente, imitando os processos naturais de regeneração.
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“Esse plantio imita muito o processo natural do meio ambiente”, explica, à Agência Brasil, a engenheira florestal Aline Ferragutti. Espécies como girassol, abóbora e feijão-guandu, de crescimento rápido e ciclo curto, ajudam a sufocar capins invasores e a fertilizar o solo, criando condições ideais para as nativas se desenvolverem em seguida.
Em 2024, a rede comercializou 18,5 toneladas de sementes de 186 espécies por meio do Redário, plataforma de comercialização conjunta. Somando as vendas diretas, foram 30 toneladas no total.
Além de oferecer uma solução eficaz e de baixo custo para empresas que buscam compensação ambiental, a RSX transforma a restauração ecológica em oportunidade socioeconômica, conectando conservação ambiental com justiça social.
