
Com a chegada do inverno as plantações começam a sofrer com o frio. Com o resfriamento do clima, principalmente na porção Sul do Brasil, as geadas acabam se tornando uma preocupação para os produtores rurais.
Diante desse cenário, os produtores precisam redobrar a atenção com um dos fenômenos climáticos mais temidos no campo. Embora ocorra com menor frequência em canaviais do que em culturas mais sensíveis, como café ou hortifrúti, seus efeitos sobre a cana-de-açúcar podem ser significativos — atingindo desde a queima das folhas até prejuízos na qualidade industrial e na rebrota da soqueira.
Neste artigo, você vai entender como a geada se forma, de que forma ela afeta a fisiologia da cana-de-açúcar e quais são as principais estratégias de prevenção e mitigação de danos.
O que é geada e como ela se forma
A geada é um fenômeno atmosférico que ocorre quando o ar próximo à superfície atinge temperaturas iguais ou inferiores a 0 °C, provocando o congelamento do orvalho ou da umidade presente sobre as plantas. Esse congelamento gera cristais de gelo que, ao entrar em contato com os tecidos vegetais, causam ruptura celular, desidratação e necrose.
Existem diferentes tipos de geada, sendo os principais:
- Geada branca: visível, com formação de cristais de gelo sobre a planta. Acontece em noites de céu limpo e sem vento;
- Geada negra: menos visível, porém mais danosa. O frio intenso “queima” os tecidos vegetais, sem formação visível de gelo, e pode causar a morte de brotos e folhas;
- Geada de radiação: ocorre quando o calor da superfície do solo se dissipa para a atmosfera em noites secas e sem nuvens;
- Geada de advecção: provocada pela chegada de massas de ar polar muito frias, acompanhadas de vento.
Na cana-de-açúcar, que é uma planta tropical sensível ao frio, os efeitos da geada podem ser imediatos e duradouros, afetando o ciclo da cultura e o desempenho industrial.
Fisiologia da cana sob baixas temperaturas
A cana-de-açúcar é uma gramínea tropical perene, adaptada a climas quentes e úmidos. Sua fotossíntese é do tipo C4, mais eficiente em altas temperaturas e radiação solar intensa. Quando exposta ao frio, especialmente abaixo de 10 °C, a planta entra em estresse fisiológico, reduzindo sua atividade metabólica.
Os principais efeitos do frio na fisiologia da cana incluem:
- Redução da taxa fotossintética: a planta passa a absorver menos energia solar, comprometendo seu crescimento;
- Ruptura das membranas celulares: quando a temperatura cai abaixo de 0°C, ocorre o congelamento da água intracelular, causando danos estruturais;
- Acúmulo de açúcares indesejados: a degradação de tecidos pode alterar a composição dos açúcares no colmo, impactando a qualidade da matéria-prima;
- Paralisação do perfilhamento: o crescimento de novas gemas e perfilhos é interrompido, o que compromete a longevidade do canavial e a rebrota da soqueira.
Esses fatores tornam a geada um risco tanto para a produtividade da safra atual quanto para as safras futuras, principalmente em regiões de maior altitude ou próximas a áreas de transição climática.
Principais danos causados pela geada
A intensidade dos danos provocados pela geada na cana-de-açúcar depende de fatores como idade da planta, estágio de desenvolvimento, tipo de solo, localização do talhão e duração do evento climático. Em geral, os prejuízos mais comuns incluem:
1. Queima das folhas
A geada queima as folhas superiores da planta, provocando necrose e perda da área fotossintética. Isso reduz a capacidade de produção de biomassa e compromete o crescimento do colmo.
2. Parada da maturação
Com a queda das temperaturas, o metabolismo da planta desacelera, o que atrasa ou paralisa a maturação da cana. Isso afeta o acúmulo de sacarose no colmo e pode obrigar o produtor a antecipar ou adiar a colheita, gerando descompasso logístico.
3. Deterioração da qualidade industrial
Após a geada, há um aumento da atividade enzimática e microbiana, resultando em fermentação dos açúcares no colmo. Isso reduz o teor de sacarose recuperável e pode aumentar a concentração de impurezas como açúcares redutores, que dificultam o processo de fabricação do açúcar e do etanol.
4. Impacto na soqueira
Em lavouras de segundo corte ou mais (soqueiras), a geada pode afetar diretamente os pontos de brotação, prejudicando a rebrota e exigindo o replantio antecipado. Isso encarece o custo por hectare e compromete a longevidade da área cultivada.
Métodos de prevenção e mitigação
Embora a geada seja um fenômeno de difícil controle, existem práticas de manejo agrícola que ajudam a prevenir ou reduzir seus impactos. A seguir, destacamos algumas das estratégias mais eficazes:
1. Escolha de áreas e variedades
- Evite o plantio em baixadas ou encostas voltadas para sul/sudeste, mais propensas à concentração de ar frio.
- Dê preferência a variedades mais tolerantes ao frio, como a RB867515 ou a IACSP95-5000, conforme recomendação regional de institutos de pesquisa.
2. Planejamento da colheita
- Antecipe a colheita em áreas com maior risco de geada, especialmente para canas com alto teor de sacarose.
- Evite colher imediatamente após a geada, pois o colmo pode estar fermentando, o que compromete a qualidade industrial.
3. Uso de palhada
- A manutenção da palhada sobre o solo atua como isolante térmico, reduzindo a amplitude térmica e protegendo a soqueira.
- Em áreas mecanizadas, o sistema de colheita com palha pode ajudar a manter a temperatura do solo mais estável.
4. Irrigação de emergência
- Em casos críticos e com infraestrutura disponível, a irrigação por aspersão pode ser usada como medida emergencial, promovendo uma camada de gelo que protege os tecidos vegetais ao manter a temperatura em torno de 0°C (absorvendo o calor latente de fusão).
5. Monitoramento climático
- Utilize aplicativos e serviços meteorológicos especializados para acompanhar previsões de geada.
- A adoção de sensores de temperatura e estações meteorológicas locais pode auxiliar na tomada de decisões antecipadas.
6. Seguro agrícola
- A contratação de seguro rural é uma das formas mais eficientes de mitigar riscos climáticos. O seguro pode cobrir perdas causadas por eventos como geadas severas, garantindo segurança financeira ao produtor e continuidade da atividade.
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