Especial

Geada e cana-de-açúcar: impactos, riscos e como se proteger

Fenômeno climático comum no inverno, a geada pode comprometer a produtividade e a qualidade da cana

Leitura: 7 Minutos
Segundo o Cepea, a moagem de cana avançou um pouco mais com a melhora das condições climáticas, e a oferta de etanol nas usinas cresceu em parte das regiões.
Foto: Kindel Media/Pexels

Com a chegada do inverno as plantações começam a sofrer com o frio. Com o resfriamento do clima, principalmente na porção Sul do Brasil, as geadas acabam se tornando uma preocupação para os produtores rurais. 

Diante desse cenário, os produtores precisam redobrar a atenção com um dos fenômenos climáticos mais temidos no campo. Embora ocorra com menor frequência em canaviais do que em culturas mais sensíveis, como café ou hortifrúti, seus efeitos sobre a cana-de-açúcar podem ser significativos — atingindo desde a queima das folhas até prejuízos na qualidade industrial e na rebrota da soqueira.

Neste artigo, você vai entender como a geada se forma, de que forma ela afeta a fisiologia da cana-de-açúcar e quais são as principais estratégias de prevenção e mitigação de danos. 

O que é geada e como ela se forma

A geada é um fenômeno atmosférico que ocorre quando o ar próximo à superfície atinge temperaturas iguais ou inferiores a 0 °C, provocando o congelamento do orvalho ou da umidade presente sobre as plantas. Esse congelamento gera cristais de gelo que, ao entrar em contato com os tecidos vegetais, causam ruptura celular, desidratação e necrose.

Existem diferentes tipos de geada, sendo os principais:

  • Geada branca: visível, com formação de cristais de gelo sobre a planta. Acontece em noites de céu limpo e sem vento;
  • Geada negra: menos visível, porém mais danosa. O frio intenso “queima” os tecidos vegetais, sem formação visível de gelo, e pode causar a morte de brotos e folhas;
  • Geada de radiação: ocorre quando o calor da superfície do solo se dissipa para a atmosfera em noites secas e sem nuvens;
  • Geada de advecção: provocada pela chegada de massas de ar polar muito frias, acompanhadas de vento.

Na cana-de-açúcar, que é uma planta tropical sensível ao frio, os efeitos da geada podem ser imediatos e duradouros, afetando o ciclo da cultura e o desempenho industrial.

Fisiologia da cana sob baixas temperaturas

A cana-de-açúcar é uma gramínea tropical perene, adaptada a climas quentes e úmidos. Sua fotossíntese é do tipo C4, mais eficiente em altas temperaturas e radiação solar intensa. Quando exposta ao frio, especialmente abaixo de 10 °C, a planta entra em estresse fisiológico, reduzindo sua atividade metabólica.

Os principais efeitos do frio na fisiologia da cana incluem:

  • Redução da taxa fotossintética: a planta passa a absorver menos energia solar, comprometendo seu crescimento;
  • Ruptura das membranas celulares: quando a temperatura cai abaixo de 0°C, ocorre o congelamento da água intracelular, causando danos estruturais;
  • Acúmulo de açúcares indesejados: a degradação de tecidos pode alterar a composição dos açúcares no colmo, impactando a qualidade da matéria-prima;
  • Paralisação do perfilhamento: o crescimento de novas gemas e perfilhos é interrompido, o que compromete a longevidade do canavial e a rebrota da soqueira.

Esses fatores tornam a geada um risco tanto para a produtividade da safra atual quanto para as safras futuras, principalmente em regiões de maior altitude ou próximas a áreas de transição climática.

Principais danos causados pela geada

A intensidade dos danos provocados pela geada na cana-de-açúcar depende de fatores como idade da planta, estágio de desenvolvimento, tipo de solo, localização do talhão e duração do evento climático. Em geral, os prejuízos mais comuns incluem:

1. Queima das folhas

A geada queima as folhas superiores da planta, provocando necrose e perda da área fotossintética. Isso reduz a capacidade de produção de biomassa e compromete o crescimento do colmo.

2. Parada da maturação

Com a queda das temperaturas, o metabolismo da planta desacelera, o que atrasa ou paralisa a maturação da cana. Isso afeta o acúmulo de sacarose no colmo e pode obrigar o produtor a antecipar ou adiar a colheita, gerando descompasso logístico.

3. Deterioração da qualidade industrial

Após a geada, há um aumento da atividade enzimática e microbiana, resultando em fermentação dos açúcares no colmo. Isso reduz o teor de sacarose recuperável e pode aumentar a concentração de impurezas como açúcares redutores, que dificultam o processo de fabricação do açúcar e do etanol.

4. Impacto na soqueira

Em lavouras de segundo corte ou mais (soqueiras), a geada pode afetar diretamente os pontos de brotação, prejudicando a rebrota e exigindo o replantio antecipado. Isso encarece o custo por hectare e compromete a longevidade da área cultivada.

Métodos de prevenção e mitigação

Embora a geada seja um fenômeno de difícil controle, existem práticas de manejo agrícola que ajudam a prevenir ou reduzir seus impactos. A seguir, destacamos algumas das estratégias mais eficazes:

1. Escolha de áreas e variedades

  • Evite o plantio em baixadas ou encostas voltadas para sul/sudeste, mais propensas à concentração de ar frio.
  • Dê preferência a variedades mais tolerantes ao frio, como a RB867515 ou a IACSP95-5000, conforme recomendação regional de institutos de pesquisa.

2. Planejamento da colheita

  • Antecipe a colheita em áreas com maior risco de geada, especialmente para canas com alto teor de sacarose.
  • Evite colher imediatamente após a geada, pois o colmo pode estar fermentando, o que compromete a qualidade industrial.

3. Uso de palhada

  • A manutenção da palhada sobre o solo atua como isolante térmico, reduzindo a amplitude térmica e protegendo a soqueira.
  • Em áreas mecanizadas, o sistema de colheita com palha pode ajudar a manter a temperatura do solo mais estável.

4. Irrigação de emergência

  • Em casos críticos e com infraestrutura disponível, a irrigação por aspersão pode ser usada como medida emergencial, promovendo uma camada de gelo que protege os tecidos vegetais ao manter a temperatura em torno de 0°C (absorvendo o calor latente de fusão).

5. Monitoramento climático

6. Seguro agrícola

  • A contratação de seguro rural é uma das formas mais eficientes de mitigar riscos climáticos. O seguro pode cobrir perdas causadas por eventos como geadas severas, garantindo segurança financeira ao produtor e continuidade da atividade.

Proteja sua lavoura com as soluções do Broto Seguros

A exposição às geadas é um risco crescente em tempos de mudanças climáticas e maior instabilidade meteorológica. Para produtores de cana-de-açúcar, investir em tecnologia, planejamento e gestão de riscos é essencial — e o seguro rural é parte indispensável dessa equação.

O Broto Seguros, plataforma do Banco do Brasil, oferece proteção especializada para a lavoura de cana-de-açúcar, cobrindo eventos climáticos como geadas, secas e granizos. Com soluções personalizadas e suporte técnico de ponta, o produtor pode focar na produtividade e na eficiência, sem abrir mão da segurança.

Em nosso marketplace, você encontra o seguro agrícola flex da BB Seguros, que protege a produção em caso de eventos climáticos extremos. Simule pelo site e contrate essa proteção imprescindível para a sustentabilidade do seu negócio.

Compartilhe via WhatsApp.
Compartilhe via Facebook.
Compartilhe via Threads.
Compartilhe via Telegram.
Compartilhe via Linkedin.