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Geada na agricultura: impactos, prevenção e como recuperar a lavoura

Entenda o impacto do fenômeno e o melhor tipo de prevenção para sua produção rural

Expectativa é de que o frio seja mais intenso do que o passado, embora a chance de geada sejam baixas.
Foto: Ben Stein/Unsplash

Geada é um fenômeno climático em que o orvalho, ou a água condensada no ar, congela em superfícies expostas, formando uma camada de cristais de gelo. Esse processo ocorre quando a temperatura ambiente cai abaixo de 0°C, e o vapor de água na atmosfera congela diretamente, sem passar pela fase líquida. 

Apesar de parecer inofensivo num primeiro momento, do ponto de vista da agricultura, esse evento pode ser considerado devastador, especialmente em regiões onde a produção é voltada para culturas sensíveis ao frio. 

Neste artigo, vamos explorar os impactos da geada nas lavouras, como preveni-la e quais medidas tomar para recuperar os prejuízos caso ela venha a ocorrer. 

Como a geada afeta as plantas e a produção agrícola

A geada afeta negativamente a agricultura por interferir de maneira direta na fisiologia das plantas. Na prática, quando a água presente nos tecidos vegetais é congelada, ocorre a destruição das células, comprometendo o funcionamento normal da planta e, consequentemente, derrubando a produtividade da lavoura.

Efeitos da geada nas culturas mais sensíveis

Diferentes culturas se comportam de modos distintos perante às geadas, sendo algumas muito vulneráveis e outras menos impactadas por esse fenômeno. 

Plantas frutíferas, como café, uva, banana, citros e hortaliças em geral – tais quais tomate e alface – sofrem danos severos mesmo com pequenas quedas de temperatura. Nesse caso, as folhas queimadas, as flores abortadas e os frutos danificados comprometem toda a produção da safra.

Culturas anuais, como o milho, o feijão e a soja, também podem ser afetadas, principalmente se a geada ocorrer na fase inicial de crescimento. Nessas situações, a perda pode ser total, exigindo replantio e gerando atrasos na colheita.

Como a geada prejudica a estrutura da planta

O congelamento da água dentro da célula vegetal causa a ruptura das membranas, levando à necrose dos tecidos. De modo mais didático, isso se traduz visualmente em folhas murchas, escurecidas ou queimadas. 

Ramos jovens e brotações recentes são mais suscetíveis às geadas, pois têm estruturas menos lignificadas, isto é, de menor rigidez e resistência. Em casos mais graves, o sistema radicular também pode ser comprometido, inviabilizando a recuperação da planta.

Métodos de prevenção contra geadas

A prevenção contra a geada é essencial não só para evitar prejuízos econômicos, mas também para garantir a continuidade da produção agrícola. Para isso, felizmente, nos dias de hoje, existem diversas estratégias que os produtores podem adotar para minimizar os efeitos desse fenômeno climático.

Técnicas físicas para proteger a lavoura

Entre as principais técnicas físicas estão:

  • Cobertura com lonas ou tecidos: realizar a cobertura das lavouras com lonas e tecidos é uma técnica que parece simples, mas se apresenta muito eficaz, sobretudo para hortaliças e mudas, uma vez que ajuda a reter o calor do solo durante a noite.
  • Aquecimento do ar: elevar a temperatura do ambiente nas noites e madrugadas mais frias pode ser uma boa alternativa para mitigar a incidência de geadas; para isso, podem ser utilizados queimadores ou fogueiras. 
  • Irrigação por aspersão: durante a formação da geada, a água libera calor ao congelar, mantendo a temperatura dos tecidos vegetais próxima a 0ºC e evitando danos maiores.
  • Barreiras contra o vento: o uso de quebra-ventos naturais, como renques de árvores, reduz a perda de calor por convecção, ajudando a reduzir a incidência de geada.

Práticas de manejo para reduzir os impactos

Além das técnicas físicas, algumas práticas de manejo também são eficazes na prevenção de danos por geada:

  • Escolha de cultivares mais resistentes ao frio: algumas variedades têm maior tolerância a baixas temperaturas.
  • Plantio em áreas mais altas: locais com altitude mais elevada possuem menor propensão à formação de geada, uma vez que, fisicamente, o ar frio tende a se concentrar nas baixadas.
  • Adubação equilibrada: plantas com nutrição adequada apresentam maior vigor e resistência a estresses térmicos.
  • Calendário de plantio adequado: o produtor deve se planejar e evitar que estágios críticos de desenvolvimento das lavouras coincidam com os períodos mais propensos a geadas.

O que fazer depois da geada? Estratégias para recuperação da lavoura

Caso a ocorrência da geada seja inevitável e ela acabe incidindo sobre as plantas, o produtor deve adotar medidas rápidas para avaliar os danos e iniciar a recuperação da lavoura. 

O primeiro passo é realizar uma inspeção detalhada, identificando as áreas e plantas mais afetadas. Em casos leves, com apenas danos foliares, a lavoura pode se recuperar naturalmente, com condições climáticas favoráveis. No entanto, de todo modo, é recomendada a aplicação de bioestimulantes e fertilizantes foliares, visando à aceleração da brotação e ao fortalecimento das plantas.

Para danos moderados, a poda de ramos comprometidos é essencial para evitar a propagação de doenças e estimular o rebrote. Em casos severos, pode ser necessário o replantio parcial ou total da área afetada.

Outro ponto importante após a ocorrência de geada é monitorar a presença de pragas e doenças, pois plantas estressadas tornam-se mais vulneráveis. O manejo fitossanitário adequado é fundamental nessa fase.

Como a geada afeta o mercado e os preços agrícolas

As consequências da geada vão além da porteira da fazenda. Quando culturas importantes sofrem perdas significativas, há impacto direto na oferta desses produtos no mercado, o que pode provocar, consequentemente, uma elevação nos preços.

Um exemplo clássico é o café: geadas severas em importantes regiões cafeeiras do Brasil, como o sul de Minas Gerais, costumam causar alta nos preços internacionais da commodity. O mesmo ocorre com hortaliças, que podem ter seus preços duplicados em feiras e supermercados após uma geada numa importante praça produtora.

Esse fenômeno também afeta o mercado de contratos futuros, seguros rurais e o planejamento financeiro dos produtores. Sendo assim, além das práticas de prevenção e recuperação, é importante o uso de ferramentas de gestão de risco, como o seguro agrícola e a diversificação de culturas.

Em resumo, a geada é um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores agrícolas em regiões sujeitas a baixas temperaturas. Compreender seus impactos, adotar medidas preventivas e saber como reagir após o evento são passos essenciais para minimizar perdas e garantir a continuidade da produção.

A incorporação de tecnologias e o planejamento adequado tornam-se aliados importantes na convivência com esse fenômeno climático. Além disso, o seguro rural se apresenta como uma ferramenta importante na gestão de risco. 

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