A passagem da frente fria mais intensa de 2025 provocou uma forte queda nas temperaturas da região Centro-Sul do Brasil, com registros abaixo de 3,5°C em importantes municípios canavieiros — patamar considerado crítico para a formação de geadas.
A manhã da última quarta-feira (25) foi a mais fria do ano até o momento, conforme já antecipado pela análise climática da DATAGRO.
Segundo a consultoria, foram confirmadas geadas em áreas próximas a lavouras de cana-de-açúcar, especialmente em regiões recém-colhidas ou com cobertura de palhada. No entanto, a equipe técnica ressalta que ainda é cedo para mensurar eventuais perdas, sendo necessária pelo menos uma semana para avaliação dos impactos sobre os canaviais em desenvolvimento.
Além do frio intenso, o mês de junho também foi marcado por volumes elevados de chuva. De acordo com dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), a média de precipitação no Centro-Sul foi de 50,6 mm, 38,6% acima da média climatológica para o mês.
Entre os principais estados produtores, o Paraná liderou os volumes de chuva, com 126,8 mm (Índice de Regularidade Climática — IRC de +38,2%). Em seguida vieram São Paulo, com 62,2 mm (IRC +67,8%), e Mato Grosso, com 22,4 mm (IRC +36,7%). Já Mato Grosso do Sul ficou abaixo da média, com 43,5 mm (IRC −28,1%). Goiás e Minas Gerais registraram os menores índices: 13,9 mm (IRC +6,9%) e 6,2 mm (IRC -69,3%), respectivamente, com chuvas localizadas principalmente no sul dos estados.
As precipitações também afetaram a operação de moagem da safra 2025/26, provocando a perda de 2,0 dias úteis em junho — 1,6 dia na primeira quinzena e 0,4 na segunda. No acumulado da temporada, os dias perdidos por chuva somam 8,6, representando um impacto operacional relevante.
Por outro lado, o clima úmido contribuiu para a recuperação dos níveis de água no solo. Segundo a DATAGRO, a região Centro-Sul atingiu 72,7% da capacidade máxima de água disponível no solo, patamar próximo à normal climatológica de 76,1%. Em comparação, os níveis em junho foram de somente 21,1% em 2024, 65,3% em 2023 e 48,8% em 2022.
Para os últimos dias de junho, as previsões indicam novos episódios de chuva no centro-sul paulista, Paraná e extremo sul do Mato Grosso do Sul, com acumulados entre 20 e 30 mm. Em outras regiões produtoras, como Ribeirão Preto e o norte do Mato Grosso do Sul, não há previsão de precipitações.
Julho deve começar com tempo seco, como é típico do período — o mês é historicamente o mais seco do ano, com média climatológica de 24,0 mm de precipitação.