O mercado de café segue pressionado por incertezas externas e fatores sazonais. Segundo o mais recente boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o ritmo das negociações está lento e marcado por volatilidade, em meio à expectativa sobre a possível tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, incluindo o café.
O avanço da colheita de café no Brasil tem reforçado esse cenário. As atividades com café arábica seguem em bom ritmo, enquanto a colheita de café robusta já está praticamente finalizada, o que contribui para o aumento da oferta no mercado interno.
Uma das principais preocupações, de acordo com os pesquisadores do Cepea, está relacionada ao café solúvel, cuja principal matéria-prima é o robusta. Os Estados Unidos são um dos principais destinos desse produto, e a tarifação extra pode comprometer a competitividade brasileira frente aos concorrentes asiáticos, especialmente o Vietnã, que enfrentou queda na produção e problemas logísticos no último ano.
Ainda segundo o Cepea, o robusta brasileiro ganhou espaço recentemente no mercado internacional devido à menor disponibilidade asiática e aos desafios logísticos entre Ásia, Europa e Américas. Uma eventual imposição tarifária exigirá rearranjos logísticos e comerciais para garantir o abastecimento norte-americano sem prejudicar a posição do Brasil no mercado global.