Preços

Mercado cafeeiro opera sob incertezas, aguardando definição de tarifas dos EUA

De acordo com o Cepea-Esalq/USP, ainda não há indícios de que os preços internos estejam recuando exclusivamente em função da medida tarifária

Colheita de café começou, mas segue em ritmo mais lento. A expectativa é de que os trabalhos ganhem intensidade nas próximas semanas
Foto: Maksim Goncharenok/Pexels

Às vésperas do início da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos brasileiros, o setor produtivo de café segue marcado por incertezas

Segundo o novo boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), publicado hoje (30), os preços domésticos têm acompanhado os movimentos das Bolsas de Nova York e Londres, com oscilações associadas à atuação especulativa de fundos, que vêm ampliando suas posições compradas diante da possibilidade de aumento das cotações, caso a tarifa entre em vigor nesta sexta-feira (1º). 

Pesquisadores ressaltam que não há, até o momento, indícios claros de que os valores internos estejam recuando exclusivamente em função da medida tarifária

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de café do Brasil. Em 2024, o grão brasileiro respondeu por aproximadamente 23% do total comprado pelos EUA, em valores monetários, de acordo com estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês).

A Colômbia representou cerca de 17% do total das importações norte-americanas, enquanto o Vietnã contribuiu com aproximadamente 4%

O centro de pesquisa lembra, ainda, que, no segmento do café arábica, em que o Brasil também lidera os embarques aos EUA, a Colômbia, principal concorrente, permanece isenta da nova tarifação. Quanto ao robusta, o Vietnã negocia a aplicação de uma alíquota reduzida de 20%, frente aos 46% inicialmente previstos. 

“Diante da representatividade do Brasil nas importações de café dos EUA, a eventual entrada em vigor da tarifa tende a impactar não apenas a competitividade do café nacional, mas também os preços ao consumidor norte-americano e a formulação dos blends tradicionais, que utilizam os grãos brasileiros como base sensorial e de equilíbrio”, explica o Cepea-Esalq/USP.

“O Brasil, por sua vez, pode ser forçado a redirecionar parte de sua produção a outros mercados, exigindo agilidade logística e estratégia comercial para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional”, completa.