As negociações envolvendo soja em grão estão lentas no Brasil, limitadas pela disparidade entre os preços ofertados por compradores e os pedidos por vendedores, destaca o mais novo boletim semanal do Cepea-Esalq/USP, divulgado nesta segunda-feira (12).
Segundo pesquisadores do centro, demandantes estão atentos às quedas externas e dos prêmios de exportação no Brasil, que diminuíram a paridade de exportação.
“Além disso, o ambiente é de oferta nacional recorde e de aumento na oferta na Argentina”, contextualiza o Cepea. “Já vendedores estão de olho nas exportações elevadas em abril e na expectativa de maior demanda externa para os próximos meses”, completa.
Em abril, o Brasil exportou 15,27 milhões de toneladas de soja, crescimento de 4,2% sobre o volume de março e 4,2% acima do exportado há um ano, mostram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea-Esalq/USP.
“Trata-se do terceiro maior volume de soja escoado pelo País, atrás apenas do de junho de 2023 (15,58 milhões de toneladas) e de abril de 2021 (16,11 milhões de toneladas). Para a China, especificamente, o volume embarcado caiu 3% de março para abril”, afirma o centro de pesquisas.
Milho
Quanto ao milho, os destaques da semana do Cepea-Esalq/USP vão para os trabalhos de campo. “A colheita de milho de verão avança, enquanto o clima tem favorecido o desenvolvimento das lavouras da segunda temporada”, destaca o centro de pesquisa.
Esse cenário tem pressionado as cotações do cereal, à medida afasta compradores das aquisições de novos lotes – esses agentes têm expectativa de que o atual movimento de desvalorização do cereal persista.
Pesquisadores do Cepea lembram que, até meados de março, as dificuldades logísticas, a retração de vendedores e as preocupações com estoques curtos vinham mantendo os valores em patamares mais elevados e também fizeram com que partes dos compradores – com receio de desabastecimento – aceitasse adquirir o milho a preços maiores.
No entanto, desde abril, o cenário mais favorável no campo tem mantido compradores afastados do spot e os preços em queda.
“Neste começo de maio, as desvalorizações externa e do câmbio, que reduzem a paridade de exportação, reforçaram a pressão sobre os valores domésticos”, completa o Cepea-Esalq/USP.