Na semana passada, o óleo de soja ultrapassou o farelo de soja na composição da margem de lucro da indústria esmagadora (o chamado crush margin), segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
De acordo com os dados, o óleo de soja passou a representar 50,3% da margem industrial, enquanto o farelo recuou para 49,7% – um marco inédito na série histórica do Cepea, calculada com base nos preços praticados na região de São Paulo.
Alta na demanda por biodiesel sustenta óleo de soja
Os pesquisadores do Cepea explicam que esse resultado foi influenciado por uma combinação de fatores:
- Queda mais acentuada nos preços do farelo e da soja em grão
- Desvalorização leve no óleo de soja
- Demanda aquecida pelo derivado para a produção de biodiesel, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos
Essa expansão na demanda por biodiesel vem sustentando as cotações do óleo, mesmo com a pressão negativa sobre o complexo soja.
Impactos externos pressionam soja e seus derivados
A leve desvalorização do complexo soja no Brasil está atrelada a fatores internacionais:
- Chegada da safra 2025/26 dos EUA, aumentando a oferta global
- Isenção temporária do imposto de exportação na Argentina, que elevou a competitividade do país no mercado internacional
Esse cenário atraiu importadores para o país vizinho, reduzindo a demanda externa pelo produto brasileiro e pressionando os preços internos.
Milho sofre com retração da demanda no mercado interno
Enquanto o óleo de soja ganha destaque, o milho enfrenta queda de preços no mercado interno. A retração está ligada a:
- Estoques suficientes entre compradores, que não demonstram urgência nas aquisições
- Vendedores focados na semeadura da safra de verão, negociando com menor intensidade
- Oferta de parte da segunda safra já armazenada
Dólar sustenta cotações nos portos, mas ritmo das exportações preocupa
Nos portos brasileiros, a recente alta do dólar e os preços externos deram algum suporte às cotações do milho. No entanto, os valores seguem abaixo do esperado pelos agentes de mercado.
As exportações de milho, por sua vez, estão ganhando ritmo neste mês de setembro, mas ainda precisam avançar para alcançar a meta da Conab, que prevê:
- 40 milhões de toneladas exportadas na safra 2024/25
- Até agora, foram embarcadas 17 milhões de toneladas (de fevereiro até meados de setembro)