Os preços do etanol e do açúcar iniciaram o mês de junho em trajetória de baixa, conforme apontam dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A combinação entre aumento da oferta e enfraquecimento da demanda tem pressionado negativamente os valores praticados no mercado.
Etanol: quarta semana de queda para o hidratado
Entre os dias 2 e 6 de junho, os preços do etanol hidratado registraram a quarta semana consecutiva de recuo, com maior impacto sentido em regiões distantes do polo produtor de São Paulo. O Indicador CEPEA/ESALQ para o etanol hidratado fechou o período a R$ 2,5492/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), queda de 2,33% em relação à semana anterior.
No caso do etanol anidro, utilizado na mistura com a gasolina, a baixa foi ainda mais acentuada: o indicador fechou em R$ 2,9448/litro (sem PIS/Cofins), com recuo de 3,65%.
De acordo com o Cepea, o avanço da safra resultou em aumento gradual da oferta. Além disso, o anúncio da redução no preço da gasolina no dia 2 de junho intensificou a pressão sobre os preços do biocombustível, levando algumas usinas a anteciparem vendas para evitar quedas ainda maiores. As distribuidoras, por sua vez, continuaram cautelosas, buscando negociar a valores mais baixos — e, em alguns casos, obtendo sucesso.
Açúcar: demanda fraca e maior oferta pressionam cotações
No mercado de açúcar, a semana também foi marcada por desvalorização. As cotações do açúcar cristal de melhor qualidade (Icumsa 130 a 180) no mercado spot de São Paulo encerraram o período com queda de 0,98%, atingindo média de R$ 133,22 por saca de 50 kg. Em maio, o acumulado de perdas para o produto foi de 7,2%.
Segundo o Cepea, a baixa demanda somada ao aumento na oferta de açúcar cristal de qualidade inferior intensifica a pressão sobre os preços. Esse tipo de produto, que vem registrando maior liquidez, foi negociado com preço médio R$ 16,00 abaixo da média do indicador CEPEA/ESALQ na última semana.
Exportações em queda
No cenário externo, os embarques de açúcar e melaços também apresentaram retração. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pelo Cepea, indicam que o Brasil exportou 2,257 milhões de toneladas em maio de 2025 — um recuo de 19,6% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
No acumulado de 2025, até maio, o volume exportado foi de 9,526 milhões de toneladas, 29,6% inferior ao total registrado no mesmo período de 2024. A queda nas exportações contribui para o aumento da oferta doméstica, acentuando a pressão sobre os preços internos.