Agricultura

Déficit de armazenagem de grãos no Brasil: como enfrentar esse problema?

Déficit de armazenagem de grãos no Brasil: saiba mais sobre as causas, consequências e possíveis soluções para esse problema crônico do agronegócio!

Déficit de armazenagem de grãos no Brasil

Nosso país, renomado como um dos principais produtores de grãos do mundo, encara um desafio na área de armazenagem. Apesar do protagonismo, o Brasil é capaz de armazenar apenas cerca de 14% da produção agrícola nacional. Desde 2001, a capacidade de armazenamento permanece aquém da produção, criando uma lacuna que prejudica a logística de distribuição de grãos.

As consequências do déficit de armazenagem de grãos no Brasil são alarmantes. Estima-se que, em 2023, as safras recordes e a falta de capacidade de armazenagem resultarão em prejuízos de R$ 30,5 bilhões para os produtores de soja e milho. Além disso, o déficit previsto de armazenagem para a safra 2022/2023 deve ser de 118,5 milhões de toneladas — um problema que afeta diretamente os produtores e a economia agrícola brasileira como um todo.

Neste artigo, falamos sobre os desafios enfrentados pelo Brasil no cenário da armazenagem de grãos, examinando suas implicações para os produtores, a economia e o futuro da agricultura brasileira. Também discutimos soluções potenciais que podem ajudar o país a superar essa crise e garantir um futuro mais sólido para sua indústria agrícola. Confira!

O que é déficit de armazenagem?

O déficit de armazenagem refere-se à situação em que a capacidade de armazenamento de produtos agrícolas — como os mais diversos tipos de grãos —, em um determinado país ou região, é insuficiente para acomodar o que é colhido.

Isso resulta em perdas significativas devido à necessidade de vender os produtos rapidamente — muitas vezes, em momentos desfavoráveis do mercado —, levando a prejuízos financeiros para os agricultores e à falta de estoque estratégico para a segurança alimentar e estabilidade de preços.

Nas últimas décadas, as transformações no processo de modernização da agricultura brasileira e beneficiamento de grãos resultaram em um aumento significativo na produção.

O agronegócio desempenha um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento do país, e as expectativas são de que ele continue a crescer, alcançando safras recordes para atender à crescente demanda tanto no mercado interno quanto no comércio exterior.

No entanto, na contramão desse avanço, a infraestrutura logística tem enfrentado desafios significativos, não acompanhando o ritmo do desenvolvimento e da produção de grãos.

Quais são os impactos para a economia do país?

O descompasso entre o crescimento da produção de grãos e a capacidade de armazenagem no Brasil gera uma série de desafios. Isso impacta negativamente a competitividade internacional e prejudica o crescimento econômico.

O sistema de armazenamento desempenha um papel vital na política agrícola, mantendo o fluxo de abastecimento estável ao longo do ano. No entanto, a falta de infraestrutura leva à armazenagem inadequada após a colheita, resultando na deterioração da qualidade dos grãos e forçando os produtores a escoarem rapidamente suas colheitas, com altos custos de transporte e preços mais baixos.

Isso afeta especialmente os pequenos produtores, que não têm seus próprios sistemas de armazenagem. Além disso, a distância entre as regiões produtoras e os portos exportadores causa congestionamentos, o que traz deterioração da qualidade e menor retorno financeiro.

Em resumo, a falta de capacidade de armazenagem afeta significativamente a qualidade e os preços dos produtos agrícolas, prejudicando tanto produtores quanto consumidores.

Qual é o atual déficit de armazenagem de grãos no Brasil?

A expansão agrícola no Brasil, aliada ao aumento da produtividade, tem criado desafios logísticos. O maior obstáculo atual é a falta de capacidade de armazenamento para os grãos colhidos. A infraestrutura precária, as estradas ruins e a falta de investimento tornam difícil acompanhar o crescimento da produção.

A capacidade de armazenamento não atende às diretrizes da FAO, deixando mais de 25% da produção sem local adequado para ser guardada. Isso se deve aos altos custos de construção de armazéns, com os quais a maioria dos produtores — especialmente agricultores familiares — não pode arcar.

Os silos brasileiros estão cheios, mas a infraestrutura não acompanhou o crescimento do agronegócio, causando perdas de US$ 20 bilhões a cada safra. Os silos atuais comportam cerca de 146,3 milhões de toneladas de grãos, enquanto a produção atinge 190 milhões de toneladas.

A falta de espaço afeta principalmente a região Centro-Sul, com um déficit de 35,3 milhões de toneladas, seguida pelo Norte e Nordeste, com 5,6 milhões de toneladas. O governo investirá R$ 500 milhões em construção e reforma de armazéns, mas o investimento em silos compensa os custos, trazendo retorno em até cinco anos.

Quais são os investimentos necessários para solucionar o problema?

Diante desse cenário, é crucial que os setores público e privado adotem uma abordagem crítica para melhorar o sistema de armazenagem de grãos. Algumas ações governamentais essenciais incluem:

  • expansão das linhas de crédito para construção e modernização de armazéns;
  • criação de programas de apoio aos pequenos produtores para construção de seus próprios armazéns;
  • aprimoramento da logística e transporte;
  • reforma e modernização das unidades de armazenamento existentes;
  • identificação das regiões carentes de armazéns.

Embora o Brasil tenha imenso potencial, o crescimento e a regularidade no abastecimento interno e externo, bem como a manutenção da competitividade global, dependem de um planejamento cuidadoso.

O Banco do Brasil, maior parceiro do agronegócio e acionista da plataforma Broto, disponibiliza a solução PCA – Construção e Ampliação de Armazéns. Trata-se de uma linha de crédito voltada para ampliar a capacidade de armazenamento agrícola do país, reduzir problemas logísticos de escoamento da produção em pico de safra e proporcionar ao produtor rural e suas cooperativas a possibilidade de escolher o melhor momento de escoamento e comercialização de seus produtos.

De acordo com a Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos, vinculada à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), um investimento de R$ 15 bilhões por ano seria necessário apenas para acompanhar o crescimento da produção de grãos no Brasil.

De toda forma, é importante encarar a urgência do assunto, visto que não há soluções de curto prazo para o déficit de armazenagem de grãos no Brasil. Construir armazéns é um processo demorado, envolvendo diversos aspectos — como engenharia, licenciamento e infraestrutura elétrica. Investir em armazéns é a única forma de impedir o agravamento desse problema, que é crescente.

Aproveitando que estamos falando sobre grãos, recomendamos a leitura do nosso artigo que apresenta os principais tipos de grãos produzidos no Brasil.