Preços

Com tarifas dos EUA, preços do café operam com instabilidade no Brasil e no exterior, aponta Cepea

Reestruturação das exportações é desafio, dada a relevância da indústria de torrefação norte-americana

Colheita de café começou, mas segue em ritmo mais lento. A expectativa é de que os trabalhos ganhem intensidade nas próximas semanas
Foto: Maksim Goncharenok/Pexels

O anúncio do governo dos Estados Unidos de elevar de 10% para 50% a tarifa de importação sobre o café brasileiro gerou forte instabilidade nos preços do grão tanto no mercado interno quanto no internacional, segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP).

A medida impacta diretamente o principal exportador global de café arábica. De acordo com os pesquisadores do Cepea, o Brasil é responsável por cerca de 25% das importações norte-americanas da commodity, e a nova tarifa representa uma desvantagem competitiva relevante frente a outros fornecedores.

Entre os principais concorrentes do Brasil, a Colômbia — segundo maior fornecedor de arábica aos EUA — segue isenta de tarifas, enquanto o Vietnã, maior exportador mundial de café robusta, mantém taxa de 20% até o momento.

“O redirecionamento da produção brasileira para outros destinos é possível, mas desafiador, dada a importância e o dinamismo da indústria de torrefação dos EUA”, avalia o Cepea.

Ainda que o Brasil possua outros mercados relevantes — incluindo o próprio mercado interno — uma possível retração nas compras norte-americanas pode gerar pressões logísticas e comerciais, dada a magnitude do volume atualmente destinado aos Estados Unidos.

Segundo o Cepea, até que haja clareza sobre os rumos das negociações comerciais entre Brasil e EUA, o cenário tende a se manter volátil.

“As oscilações nos preços internacionais devem continuar se refletindo no mercado doméstico, com maior sensibilidade às sinalizações de Washington e Brasília”, aponta o centro de estudos.