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Agrishow mostra que o agro brasileiro é cada vez mais verde e digital

Motores movidos a biocombustíveis e digitalização do maquinário agrícola foram destaques da edição 2025 da feira

A imagem contém o evento Agrishow que mostra agro brasileiro cada vez mais verde e digital
Foto: divulgação/Agrishow

A Agrishow 2025 terminou com a cifra de R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios, alta de 7% na comparação com a edição anterior. Ao longo de três décadas, a feira, considerada a maior do segmento na América Latina, registrou mudanças na mostra de produtos e serviços, refletindo a modernização e transformações do agronegócio brasileiro. E na edição deste ano, os expositores, bem como o conjunto de palestras que ocorreu durante a feira, deram destaque a duas temáticas de peso na agenda atual do agro: sustentabilidade e digitalização, com foco na proteção e saúde do solo. 

Os enormes maquinários, de tratores, passando por implementos agrícolas, veículos de transporte de pessoas e transbordo da produção, chegando a colheitadeiras, não ficaram de lado — muito pelo contrário. Mas, agora, esses equipamentos são movidos a energia verde e embarcados com softwares e os mais variados dispositivos eletrônicos, que geram dados dedicados a melhorar a tomada de decisão de plantio, manejo e tratos culturais da lavoura e da colheita. 

Motorização verde

Em relação à motorização, diversas marcas apresentaram protótipos em fase final de validação e produtos já disponíveis comercialmente que irão rodar com biocombustíveis, entre outras fontes de energia limpa e renovável de base agrícola. A Toyota, por exemplo, apresentou o protótipo da primeira picape movida a biometano. Já a Cummins expôs motor conceito movido a etanol. A John Deere divulgou que está em fase final de testes de maquinário agrícola também movido a etanol. E a JCB mostrou motor movido a hidrogênio, que já está disponível no mercado europeu e que deve chegar ao Brasil nos próximos dois anos. 

Já a MWM apresentou motor a etanol para trator agrícola desenvolvido totalmente no Brasil e com performance prometida semelhante à da versão a diesel. Para o transporte de pessoal no campo, a Volare expôs veículo (híbrido etanol/elétrico) e outros modelos com motores a biometano. E na aviação agrícola, a Embraer trouxe novamente o modelo Ipanema 203 movido a etanol que, em três anos, atingiu a marca de 180 unidades vendidas. 

Na avaliação do presidente da Agrishow, João Marchesan, a expansão no Brasil da oferta de veículos agrícolas a etanol reflete uma composição de fatores: o pioneirismo na utilização do biocombustível, a condição do país de ser grande produtor global de etanol e o compromisso do agronegócio brasileiro com um alto padrão de sustentabilidade, que impõe o desafio da redução do volume de emissões na produção de energia, alimentos e fibras que começa no campo.

“A cada edição da Agrishow, temos mais expositores apresentando equipamentos movidos a etanol e outras fontes renováveis. E o mais interessante é perceber que todo esse desenvolvimento acontece aqui no Brasil. Se produzir e exportar etanol continuará sendo cada vez mais importante para o nosso setor, avançaremos também com a oferta para o mercado mundial com maquinário agrícola de baixa emissão”, prevê o dirigente.

Agro digital 

No âmbito da digitalização agrícola, a Agrishow trouxe novidades nesta esfera, tanto para produtores de grande e médio porte,quanto para a agricultura familiar. Na feira, a Bayer, por exemplo, deu arranque à nova etapa de sua plataforma digital Climate FieldView, declarando que os recursos da ferramenta estarão cada vez mais integrados ao portfólio de sementes, biotecnologia e proteção de cultivos da empresa. 

“Desenvolvemos uma solução agronômica completa, fornecendo inteligência para ajudar agricultores a extraírem o máximo do potencial dos investimentos que já são realizados em insumos e inovações”, diz o líder de soluções agrícolas digitais da Bayer para a América Latina, Abdalah Novaes.

Segundo o diretor de operações da Climate FieldView, Daniel Padrão, os ganhos de produtividade decorrem da intersecção entre cuidado com o solo, material genético, tecnologia em insumos, maquinário, manejo. “É a conexão de tudo isso em favor de mais rendimento por hectare.”

Em parceria com a Husqvarna, a InCeres apresentou sua solução de inteligência digital voltada à agricultura de precisão. A tecnologia é projetada para fornecer análises e previsões que promovam a fertilidade do solo e a nutrição adequada das plantas, tendo como base o conceito da “Conta Solo”. conforme explica o CEO da empresa, Leonardo Menegatti: “O solo é como uma conta bancária: você não pode gastar mais que deposita. Você deve equilibrar com muito cuidado. Para que ela aumente, as entradas devem superar as saídas. Tudo o que retiramos do solo — nitratos, fosfatos, potássio e nutrientes — devemos repor. Caso contrário, será mais difícil produzir, e as reservas naturais de nutrientes se esgotarão”. 

Por sua vez, a Xmobots apresentou dispositivo o qual permite que o produtor rural defina detalhes da pulverização de defensivos feita com drones, como limites de vento, temperatura, umidade e taxa de aplicação. Já a Case IH mostrou um drone de aplicação de insumos com capacidade de 70 litros, a maior do mercado. 

Com foco na agricultura familiar, o Sebrae-SP levou 50 pequenas empresas e 32 startups, entre as quais a Sonda. A empresa expôs soluções de identificação de pragas, gestão da qualidade dos alimentos, segurança de pessoas e prevenção de incêndios, além de plataforma voltada para importação de commodities e exportação de produtos de origem animal e vegetal.

“As funcionalidades da aplicação permitem maior integração e disseminação de conhecimento dentro das operações, respondendo de maneira mais natural e rápida às demandas de todos os envolvidos na produção, levando à otimização de processos, redução de custos e ampliação das possibilidades de inovação no agronegócio”, assinala o consultor de desenvolvimento de negócios da Sonda, Marcelo Maekawa. Ademais, a Bosch fez anúncio de impacto na Agrishow. A empresa investirá no Brasil R$ 200 milhões nos próximos três anos no desenvolvimento e produção de tecnologias aplicadas ao agronegócio. “O Brasil será o novo centro global de produção e desenvolvimento das tecnologias voltadas ao agro da Bosch”, ressalta o CEO da empresa para América Latina, Gastón Diaz Perez.