O cooperativismo fortalece a agricultura familiar ao unir produtores, ampliar a escala de produção e gerar desenvolvimento no campo
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O cooperativismo é uma das forças mais importantes do agronegócio brasileiro. Presente em praticamente todos os estados, ele se tornou o principal responsável por impulsionar a agricultura familiar, gerar renda, garantir acesso a mercados, fortalece comunidades rurais e garante o desenvolvimento no campo.

Mais do que um modelo econômico, o cooperativismo é uma forma de organização social baseada na união e na colaboração. Em um cenário cada vez mais competitivo, em que os custos de produção não param de crescer e as exigências do mercado só aumentam, trabalhar de forma coletiva se torna uma estratégia essencial para pequenos e médios produtores rurais.

Neste artigo, vamos entender o que é o cooperativismo agrícola, quais são os benefícios diretos para os produtores familiares, conhecer exemplos de cooperativas de sucesso no Brasil e refletir sobre os desafios e perspectivas para o futuro do setor.

O que é o cooperativismo agrícola

O cooperativismo agrícola é um modelo de organização em que produtores se unem voluntariamente para alcançar objetivos comuns. No caso da agricultura familiar, as cooperativas agrícolas têm papel estratégico para permitir que diversos agricultores isolados e pequenos, consigam juntos aumentar a escala, reduzir custos, melhorar logística e investir em tecnologias.

Além disso, o modelo cooperativo se baseia em princípios bem definidos, como adesão livre e voluntária, gestão democrática, participação econômica dos membros, autonomia, independência, educação, formação e interesse pela comunidade.

As cooperativas agrícolas atuam em frentes como a comercialização conjunta da produção, compra coletiva de insumos, assistência técnica, acesso a mercados e fortalecimento das economias locais

Vale destacar que o cooperativismo agrícola não é uma solução imediata. Exige planejamento, governança e engajamento dos produtores. Porém, para a agricultura familiar, pode representar um diferencial competitivo.

Benefícios para os pequenos produtores

Para pequenos e médios produtores rurais, o cooperativismo traz vantagens que vão desde a redução de custos até o fortalecimento das comunidades locais:

  • Acesso a escala e redução de custos: ao se unirem, os agricultores ganham poder de compra e de comercialização, o que reduz custos e melhora as margens de lucro;
  • Melhoria na negociação e comercialização: com a produção reunida, a cooperativa consegue melhores preços, prazos e condições de venda, além de facilitar o cumprimento de exigências de mercado, certificação e rastreabilidade;
  • Apoio técnico, tecnologia e incentivos públicos: as cooperativas oferecem assistência técnica, capacitação e ferramentas de gestão que aumentam a eficiência produtiva. Também podem facilitar o acesso a linhas de crédito e programas de incentivo governamentais;
  • Fortalecimento social e comunitário: mais do que ganhos econômicos, o cooperativismo reforça o senso de comunidade, promove inclusão social e ajuda a manter o produtor familiar ativo e competitivo no campo.

Exemplos de cooperativas de sucesso

O Brasil é referência mundial em cooperativismo agrícola. De norte a sul, há exemplos inspiradores de cooperativas que começaram pequenas e hoje são protagonistas no agronegócio.

Coamo (PR)

Fundada em 1970, no Paraná, a Coamo é uma das maiores cooperativas da América Latina. Ela reúne mais de 30 mil produtores e atua em diversos segmentos, como grãos, café, algodão e lácteos. A cooperativa oferece desde assistência técnica até apoio logístico e industrialização dos produtos.

Aurora Alimentos (SC)

A Aurora nasceu da união de pequenas cooperativas catarinenses. Hoje, é uma das maiores produtoras de carne suína e de frango do país, exportando para dezenas de países. O modelo cooperativo da Aurora é exemplo de como a união entre produtores familiares pode gerar uma cadeia produtiva sólida e competitiva.

Cooperativa Piá (RS)

Com sede no Rio Grande do Sul, a Piá é reconhecida pela produção de laticínios de alta qualidade. A cooperativa investe em inovação e sustentabilidade, além de manter forte atuação social nas comunidades associadas.

Cooxupé (MG)

A Cooxupé, sediada em Minas Gerais, é a maior cooperativa de cafeicultores do mundo, reunindo mais de 18 mil produtores (a maioria agricultores familiares). É referência em sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade do café brasileiro no mercado internacional.

Coopercitrus (SP)

Atuando principalmente no interior de São Paulo e Minas Gerais, a Coopercitrus oferece soluções em insumos, assistência técnica, energia solar e agricultura de precisão. É um exemplo de cooperativa que investe em tecnologia para fortalecer seus associados.

Esses exemplos mostram que o cooperativismo é um caminho comprovado para o crescimento e a valorização do produtor familiar, garantindo competitividade e sustentabilidade no campo.

Desafios e perspectivas futuras

Embora os benefícios do cooperativismo sejam evidentes, as cooperativas da agricultura familiar ainda enfrentam desafios importantes para se consolidar e crescer de forma sustentável.

1. Gestão e capacitação dos cooperados

O sucesso de uma cooperativa depende de uma gestão eficiente e do engajamento dos associados. Falhas de governança, baixa participação e falta de preparo técnico podem comprometer o funcionamento do grupo. Por isso, investir em capacitação, transparência e profissionalização é fundamental para manter a confiança e a sustentabilidade do modelo.

2. Conectividade e tecnologia

A digitalização é uma tendência inevitável, mas a infraestrutura de internet e o acesso a tecnologias ainda são limitados em muitas áreas rurais. Sem conectividade, fica mais difícil implementar sistemas de rastreabilidade, controle de produção e gestão integrada, fatores que estão em alta no mercado.

3. Acesso a mercados e financiamento

Mesmo unidas, as cooperativas familiares enfrentam barreiras para alcançar mercados de maior valor agregado. Exigências sanitárias, certificações e logística representam custos adicionais, e o acesso a crédito nem sempre é simples. Ampliar parcerias, buscar apoio institucional e diversificar canais de comercialização são caminhos para superar essas limitações.

4. Sustentabilidade socioambiental

As demandas por práticas sustentáveis, rastreabilidade e responsabilidade social estão crescendo. Atender a esses requisitos pode exigir investimentos e adaptações, mas também abre novas oportunidades em mercados mais exigentes e dispostos a pagar melhor por produtos de origem responsável.

A articulação em cooperativas bem estruturadas promove ganhos individuais e impacto coletivo nas comunidades rurais. 

Agora que você sabe um pouco mais sobre o tema, recomendamos esse artigo sobre como a digitalização está mudando o futuro das cooperativas pecuárias.