
A COP 30 marcou um avanço importante para o setor de seguros, após mostrar que o segmento não é só um instrumento de proteção financeira, e sim um parceiro central na adaptação e na resiliência climática.
Amparado por ciência, tecnologia e uma leitura social mais sensível, o seguro foi consolidado como elemento chave para mapear riscos e apoiar soluções sustentáveis, embora ainda enfrente desafios estruturais no Brasil.
O primeiro aprendizado destacado durante a conferência foi a necessidade urgente de reduzir a lacuna de proteção, que abrange cerca de 80% dos bens e atividades econômicas no Brasil, de acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Essa falta de cobertura amplia o impacto de desastres climáticos. O caso das enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, é emblemático: 94% das pessoas afetadas não tinham seguro, o que resultou em prejuízos estimados em R$ 100 bilhões, de acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).
Outro ponto discutido foi a democratização do acesso ao seguro, especialmente diante do aumento da frequência e intensidade dos eventos climáticos. Alternativas como o seguro paramétrico e soluções baseadas na natureza estão ganhando força.
Embora as mudanças climáticas atinjam todos, são as populações vulneráveis que sofrem mais, e o brasileiro demonstra crescente consciência sobre isso: 91% reconhecem os riscos climáticos, conforme pesquisa recente do Datafolha.
Um terceiro aprendizado diz respeito ao papel preventivo do seguro. A integração do seguro a cadeias de financiamento, projetos de infraestrutura e políticas de incentivo a boas práticas torna essa abordagem viável.
Tecnologias como análise de dados, sensoriamento remoto e modelagem de riscos já permitem orientar produtores rurais e outros setores a reduzir sua exposição aos impactos climáticos, estimulando investimentos em infraestrutura resiliente, manejo florestal sustentável e práticas como a agricultura regenerativa.
Com esses aprendizados, o setor de seguros ganha protagonismo renovado no pós-COP 30. Mais do que garantir indenizações, o segmento amplia seu propósito de proteção para incluir segurança alimentar, estabilidade econômica, redução de desigualdades e inclusão social.