Oportunidade de mercado

Empaer vai investir R$ 2,5 milhões em pesquisa no cultivo de cacau no MT

Objetivo é transformar áreas degradadas dos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal em polos produtivos e inserir o estado na rota internacional da cacauicultura

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cacauicultura
Foto: Paula Laboissiêre/Agência Brasil

A Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) vai investir R$ 2,5 milhões em pesquisas para o cultivo de cacau nos três biomas que compõem o território de Mato GrossoAmazônia, Cerrado e Pantanal.

O projeto busca transformar o estado em uma nova fronteira agrícola para o cacau no Brasil, com foco na produção sustentável e voltada à exportação de amêndoas de alta qualidade.

Os recursos são oriundos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).

Os estudos devem iniciar em 2026, com ensaios conduzidos nos municípios de Juína, Sinop, Tangará da Serra e Cáceres, além de outras cidades das regiões Araguaia e Baixada Cuiabana, que ainda serão definidas.

Por que investir em cacau em Mato Grosso?

Segundo Suelme Fernandes, diretor-presidente da Empaer, a produção de cacau no estado representa uma alternativa estratégica para diversificar a agricultura familiar e recuperar áreas degradadas:

“O cacau é altamente rentável, pode ser cultivado em áreas hoje improdutivas e tem grande apelo internacional. Queremos inserir Mato Grosso na cadeia global da cacauicultura”, afirmou Fernandes.

O engenheiro agrônomo e pesquisador da Empaer, Fabrício Tomaz, reforça o potencial do cultivo:

“O cacau consorciado com banana e limão, ou cultivado a pleno sol, tem produtividade elevada. Pode transformar pastagens degradadas em sistemas agroflorestais rentáveis e sustentáveis.”

Contexto global favorece o Brasil

A iniciativa ocorre em um momento estratégico. Em 2024, a quebra de safra na África Ocidental — região que responde por mais de 70% da produção mundial — provocou uma alta superior a 150% no preço internacional do cacau.

Esse cenário abre oportunidade para o Brasil aumentar sua participação no mercado global, e Mato Grosso surge como uma das principais apostas.

Foco na produtividade e qualidade das amêndoas

Os estudos da Empaer têm como meta gerar recomendações técnicas regionais para:

  • Aumentar a produtividade por hectare;
  • Elevar a qualidade das amêndoas de cacau fino;
  • Reduzir os impactos ambientais com práticas sustentáveis;
  • Promover a inclusão de pequenos produtores na cadeia de valor do cacau.

O uso de tecnologias de manejo intensivo, irrigação eficiente e sistemas agroflorestais (SAFs) será priorizado, juntamente com o controle rigoroso de pragas e doenças.

Agricultura familiar no centro do projeto

A proposta da Empaer prioriza a capacitação e transferência de tecnologia para agricultores familiares, por meio de:

  • Assistência técnica contínua;
  • Crédito rural facilitado;
  • Formação de viveiros de mudas protegidos;
  • Uso de clones adaptados a cada região;
  • Tecnologia de precisão para gestão das lavouras.

Com essas práticas, a expectativa é inserir o pequeno produtor em uma cadeia produtiva de alto valor agregado, com impacto direto na renda, segurança alimentar e desenvolvimento regional.