A rastreabilidade de produtos se mostrou uma ferramenta competitiva para produtores de pequeno porte se destacarem no mercado
Foto: jcomp

Resumo da notícia

  • Rastreabilidade ganha destaque no agro por garantir origem, processos e dados confiáveis sobre toda a cadeia produtiva.
  • Agricultura familiar vê na rastreabilidade uma forma de diferenciação e um “selo de qualidade” para competir sem escala.
  • Embrapa destaca que inclusão e conectividade digital são essenciais para levar tecnologia de rastreio ao pequeno produtor.
  • Adoção tecnológica funciona melhor com acompanhamento próximo, aumentando a confiança do agricultor.
  • GS1 reforça que padrões globais, como código de barras, garantem linguagem digital única e facilitam exportações.

A rastreabilidade é um dos temas mais estratégicos para o agronegócio e, consequentemente, para a segurança alimentar, já que é o primeiro passo para a cadeia de suprimentos informar ao consumidor a origem e o processo de fabricação de um produto. Mas não é apenas isso. 

É uma jornada que gera constantemente um repositório de dados fundamental para estruturar informações confiáveis sobretudo o que acontece com um item ou bem ao longo de sua produção e distribuição. Na agenda dos negócios, o registro de dados ajuda a melhorar processos, reduzir desperdícios e a tomar decisões com base em evidências. 

Para a agricultura familiar, então, a rastreabilidade ganha contornos ainda mais significativos, porque, na prática, tem o potencial de funcionar como uma espécie de certificação, de selo de qualidade para a produção. 

“A diferenciação é o caminho mais maduro para o produtor rural de pequeno porte se posicionar de modo competitivo no mercado. Ele não tem escala, logo precisa investir em itens de valor agregado, se destacando por meio de atributos – sociais, ambientais, boas práticas –, não em volume”, assinalou o chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, Stanley Robson de Medeiros, em evento realizado, nesta quinta-feira (4), pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil, na capital paulista. 

“Com isso, o produtor abre um caminho, por exemplo, para poder começar a exportar e até ter alguma espécie de ágio vinculado ao seu produto“, acrescentou Medeiros. 

Nesta busca, ressaltou Stanley, a inclusão digital se torna imprescindível, sobretudo a começar por democratizar a conectividade no campo. “A tecnologia é uma ponte importante para levar ao agricultor familiar às ferramentas de rastreabilidade. Não podemos deixar ninguém para trás, e o agro exige respostas rápidas“, reforçou. 

O chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital relatou que experiências na instituição mostram que a capacitação tecnológica do produtor de pequeno porte funciona quando ele é acompanhado de perto. “Ele se sente mais confortável a receber e a passar a usar novas tecnologias quando há esta proximidade”, comenta Medeiros.

Na avaliação do gerente de sustentabilidade e marketing da GS1 Brasil, Frederico Bellini, o agro demanda cada vez mais protocolos e ferramentas, que indiquem a origem e mostrem a rastreabilidade dos produtos, considerando o princípio da unicidade, de uma chave única. “Em um segmento onde diferentes empresas, indústrias e produtores usam sistemas próprios ou terceirizados, o uso de padrões globais, como o código de barras, assegura que todos consigam falar a mesma língua digital para que as informações fluam com qualidade e confiabilidade ao longo de toda a cadeia. Isso é crucial para as exportações do agro“, concluiu.

Para se aprofundar no assunto, leia essa outra reportagem exclusiva, que aborda como a Justoken e a Grão Direto estão digitalizando a comercialização agropecuária