A Terminação Intensiva a Pasto (TIP) é uma alternativa estratégica para pecuaristas que desejam acelerar o ganho de peso dos animais
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Resumo da notícia

  • A Terminação Intensiva a Pasto (TIP) é um sistema de terminação de bovinos que combina pasto de qualidade com suplementação intensiva.
  • O modelo reduz custos em comparação ao confinamento e acelera o ganho de peso dos animais.
  • O manejo nutricional é o principal fator de sucesso, com foco em pastagem e suplemento adequado.
  • No entanto, cuidados sanitários são essenciais para evitar perdas em um sistema mais intensivo.
  • A TIP é ideal para produtores com boa estrutura de pasto e foco em eficiência produtiva.

A busca por maior eficiência produtiva tem levado a pecuária brasileira a adotar sistemas cada vez mais tecnificados, mesmo fora do confinamento tradicional. Nesse cenário, a Terminação Intensiva a Pasto (TIP) surge como uma alternativa estratégica para pecuaristas que desejam acelerar o ganho de peso dos animais, reduzir a idade ao abate e melhorar a rentabilidade, sem abrir mão do uso do pasto como base do sistema.

Combinando pastagens bem manejadas, suplementação concentrada e cuidados nutricionais e sanitários específicos, a TIP permite ganhos expressivos de produtividade, especialmente em regiões onde o confinamento não é viável ou desejado. 

Neste artigo, explicamos como o sistema funciona na prática, suas vantagens, os principais cuidados que são necessários adotar e quando ele é mais indicado para o produtor rural.

Como funciona o sistema TIP

A Terminação Intensiva a Pasto é um sistema de engorda no qual o animal permanece no pasto durante todo o período de terminação, mas recebe suplementação energética e proteica em níveis mais elevados do que nos sistemas tradicionais de recria ou engorda extensiva.

Diferentemente do confinamento, onde a dieta é totalmente fornecida no cocho, na TIP o pasto continua sendo a principal fonte de nutrição do animal. O diferencial está na intensificação do manejo, com ajuste fino da taxa de lotação, oferta constante de forragem de qualidade e fornecimento diário de suplemento concentrado.

Na prática, o sistema funciona da seguinte forma:

  • animais entram na TIP geralmente com peso intermediário;
  • permanecem em piquetes bem formados, com alta capacidade de suporte;
  • recebem suplementação que pode variar entre 0,8% e 1,5% do peso vivo;
  • são abatidos em períodos mais curtos, normalmente entre 90 e 120 dias.

O objetivo é obter ganhos de peso próximos aos do confinamento, porém com menor custo operacional e maior aproveitamento do pasto disponível.

Vantagens da TIP para o pecuarista

A TIP se consolidou no Brasil por oferecer uma série de benefícios econômicos e operacionais, especialmente para pequenos e médios produtores. Entre as principais vantagens estão:

Redução de custos em relação ao confinamento

Como o sistema utiliza o pasto como base alimentar, os custos com infraestrutura, mão de obra intensiva e aquisição de peso do animal são significativamente menores. Não há necessidade de currais estruturados, trato mecanizado ou grandes investimentos iniciais.

Maior eficiência produtiva

Com suplementação adequada, os animais apresentam ganhos médios diários elevados, reduzindo o tempo de permanência na fazenda e liberando área mais rapidamente para outros ciclos produtivos.

Menor risco operacional

A TIP reduz riscos associados a confinamentos, como problemas de manejo intensivo, estresse térmico e falhas na dieta total. Além disso, permite maior flexibilidade para ajustar o nível de suplementação conforme preços de insumos e mercado.

Melhor aproveitamento do pasto

O sistema estimula o manejo correto das pastagens, com adubação, correção do solo e controle de lotação, o que gera benefícios de longo prazo para a propriedade.

Adaptação à realidade do produtor

Por não exigir estruturas complexas, a TIP é mais acessível e facilmente adaptável à realidade da maioria das fazendas brasileiras.

Manejo nutricional na terminação intensiva

O sucesso da TIP depende diretamente de um manejo nutricional bem planejado. O pasto, por si só, raramente consegue atender às exigências nutricionais de animais em fase final de engorda, especialmente para ganho acelerado de peso. Por isso, o produtor deve se preocupar com a: 

Qualidade da pastagem

É essencial trabalhar com forrageiras bem manejadas, como braquiárias, panicuns ou capins melhorados, garantindo:

  • boa oferta de massa verde;
  • alto teor de proteína;
  • folhas jovens e boa digestibilidade.

A adubação e o manejo rotacionado são fundamentais para manter a produtividade da área.

Suplementação estratégica

Na TIP, o suplemento geralmente é energético-proteico, podendo conter milho, sorgo, farelo de soja, minerais e aditivos. O fornecimento deve ser diário, em cochos bem distribuídos, evitando competição excessiva.

O ajuste da quantidade depende de:

  • peso dos animais;
  • ganho esperado;
  • qualidade do pasto;
  • custo dos insumos.

Água e minerais

O acesso à água limpa e fresca é indispensável, assim como a oferta de minerais balanceados. Deficiências minerais comprometem o desempenho e a saúde do rebanho.

Cuidados sanitários no sistema TIP

Apesar de ser um sistema a pasto, a TIP exige atenção redobrada à sanidade animal, já que a intensificação aumenta os riscos de problemas sanitários se não houver controle adequado. Por isso, recomenda-se seguir e executar corretamente os: 

Protocolos de vacinação

É fundamental manter o calendário vacinal em dia, com atenção especial para:

  • clostridioses;
  • doenças respiratórias;
  • febre aftosa (quando aplicável).

Controle de parasitas

A maior taxa de lotação pode favorecer verminoses e infestações por carrapatos. Programas de controle estratégico, com uso racional de medicamentos, são indispensáveis.

Observação diária

Animais em TIP devem ser observados com frequência para identificar rapidamente:

  • queda de consumo;
  • claudicações;
  • sinais de estresse ou doença.

A intervenção rápida evita perdas de desempenho e prejuízos financeiros.

Quando a TIP é mais recomendada

A Terminação Intensiva a Pasto não é indicada para todas as situações, mas se mostra extremamente eficiente em determinados contextos produtivos.

Ela é mais recomendada quando:

  • o produtor possui pastagens bem formadas e manejadas;
  • há disponibilidade de suplementação a custos competitivos;
  • o objetivo é reduzir a idade ao abate sem investir em confinamento;
  • a região apresenta clima favorável à produção de forragem;
  • o produtor busca maior giro de capital e eficiência por hectare.

Por outro lado, em períodos de seca severa, pastagens degradadas ou falta de manejo adequado, a TIP pode perder eficiência. Nesses casos, alternativas como boitel, semi-confinamento ou confinamento tradicional devem ser avaliadas. 

Em resumo, a Terminação Intensiva a Pasto se consolida no Brasil como uma alternativa eficiente e acessível para pecuaristas que buscam melhorar o desempenho do rebanho sem os altos custos do confinamento tradicional. 

Ao unir pastagens bem manejadas, suplementação estratégica e cuidados sanitários adequados, o sistema permite acelerar o ganho de peso, reduzir a idade ao abate e aumentar a produtividade por hectare, mantendo a sustentabilidade da atividade. No entanto, como todo sistema intensivo, a TIP exige planejamento, acompanhamento técnico e disciplina no manejo

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