
A Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, nesta semana, a primeira reunião de 2025 para debater problemas e gargalos logísticos do agronegócio brasileiro, como: os desafios do escoamento da produção, o combate à fraude no processo de exportação e o déficit de armazenagem.
“Sabemos das dificuldades enfrentadas com as estradas vicinais e outros gargalos logísticos. Que essa primeira reunião do ano seja bastante produtiva”, afirmou o presidente da Comissão, Mário Borba, na abertura dos trabalhos.
Nova plataforma
O primeiro tema da pauta teve como convidado o chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, que apresentou a Plataforma de Inteligência Territorial Estratégica da Macrologística Agropecuária, com dados atuais e históricos sobre as principais cadeias produtivas de exportação agropecuária do país: algodão, bovinos, café, cana-de-açúcar, galináceos, laranja, madeira para papel e celulose, milho, soja e suínos.
Um dos destaques da apresentação foi o sistema “Caminhos da Safra”, inspirado em tecnologia desenvolvida pela CNA, que oferece uma visão detalhada sobre a infraestrutura de escoamento da produção, incluindo rotas, portos secos e fronteiras.
Spadotti também adiantou que a Embrapa lançará em breve um curso completo sobre a plataforma, com navegação guiada, simulações logísticas e tutoriais para facilitar o uso das informações. “Nossa base de dados é acessível e está à disposição de todos que queiram utilizá-la”, disse.
Fraude no processo de exportação
Em seguida, Emerson Martens, CEO da BindFlow, empresa com sede em Curitiba (PR), apresentou soluções tecnológicas para combater fraudes no transporte e exportação de commodities.
Entre os recursos utilizados estão a inteligência artificial para rastreamento de cargas, avaliação de rotas, pontuação de transportadoras e motoristas, e observabilidade em tempo real de todo o processo logístico.
“Quando há roubo ou fraude, quem paga a conta é sempre o produtor rural. A partir do momento que os envolvidos sabem que há tecnologia capaz de identificar desvios, isso ajuda a coibir essas ações”, destacou Martens.
Déficit na armazenagem
O terceiro e último tema debatido foi o déficit na armazenagem de grãos nas propriedades rurais. A assessora técnica da CNA, Elisangela Pereira Lopes, alertou que apenas 16,8% da produção é armazenada nas propriedades, o que obriga muitos produtores a recorrerem a estruturas localizadas a grandes distâncias.
Paulo Lima, diretor da Agrosilos União, apresentou propostas para a implantação de unidades de armazenagem mais próximas das áreas produtoras.
“O trabalho de armazenagem tem ficado nas mãos do produtor. Fizemos estudos ao longo de cinco anos e encontramos caminhos para mudar esse cenário. A proposta é criar condomínios de armazenagem em municípios estratégicos, que concentrem grande produção e pouca infraestrutura”, explicou.
Esses condomínios, segundo Lima, também disponibilizam tecnologias de gestão e acompanhamento individualizado para cada produtor. Um dos modelos já está em implantação no município de Assis Chateaubriand, no Paraná