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Preços do boi gordo caem com temor de tarifas dos EUA, aponta Cepea

Demanda interna fraca e retração nas exportações pressionam também o mercado de suínos

Foto: Pexels
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O mercado pecuário brasileiro sente os primeiros impactos da escalada tarifária anunciada pelos Estados Unidos. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a notícia da aplicação de tarifa de 50% sobre exportações brasileiras gerou apreensão entre os agentes da pecuária de corte, que já enfrentavam lentidão nas vendas internas. O resultado foi uma queda nos preços do boi gordo para abate e da carne bovina no mercado doméstico.

A tensão se justifica: os Estados Unidos são o segundo maior destino da carne bovina brasileira, com 12% de participação nas exportações, ficando atrás apenas da China, que responde por 49% dos embarques. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em junho de 2025, o volume adquirido pelos EUA foi o menor desde dezembro de 2024, o que acendeu um alerta no setor.

Ainda assim, as exportações totais de carne bovina tiveram o segundo melhor desempenho do ano, somando quase 270 mil toneladas em junho. Segundo o Cepea, parte dessa compensação veio do crescimento dos embarques para a China, que tem aumentado suas compras de forma contínua desde fevereiro. Além disso, o relatório destaca que os Estados Unidos aumentaram significativamente suas aquisições em março e abril, superando 40 mil toneladas mensais — uma possível tentativa de formação de estoques antecipando medidas protecionistas do governo norte-americano.

Mercado de suínos também sente os efeitos da demanda fraca

O setor de carne suína também enfrenta dificuldades. Após três semanas de relativa estabilidade, os preços voltaram a ceder, refletindo o baixo consumo doméstico, segundo o Cepea. A demanda desaquecida impactou diretamente os valores do animal vivo e da proteína no atacado.

Conforme apontam agentes de mercado, a retração pode estar ligada ao período de férias escolares, historicamente associado à diminuição da movimentação no varejo. Há ainda preocupação quanto à segunda quinzena de julho, tradicionalmente marcada por menor poder de compra dos consumidores, o que pode aprofundar as quedas nos preços da carne suína e do suíno vivo.