
Nesta terça-feira (10), um dos rebanhos mais adaptados ao clima quente e seco do Semiárido brasileiro acaba de ser oficialmente reconhecido por sua pureza genética. A Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), recebeu o Registro de Pureza de Origem (PO) para seu rebanho da raça Sindi, concedido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
O certificado valida a pureza genética dos 91 animais da unidade, entre machos e fêmeas, e abre caminho para sua utilização em programas de conservação e melhoramento genético da pecuária na região.
A certificação chancela a origem dos animais e permite à Embrapa ampliar a oferta de material genético, como sêmen, embriões e animais vivos, para pecuaristas interessados em rebanhos mais resistentes às condições adversas do Semiárido. O trabalho contou com apoio técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), que articulou junto à ABCZ o processo de reconhecimento.
“O rebanho da Embrapa Semiárido é hoje um dos mais puros do Brasil. Com o registro, poderemos socializar esse material por meio da venda de sêmen, embriões e animais vivos, todos com documentação e certificação genética”, explica o pesquisador Rafael Dantas, responsável pelo Núcleo de Conservação da Raça Sindi.
O reconhecimento é estratégico para o fortalecimento da pecuária nacional, especialmente em tempos de mudanças climáticas. A raça Sindi, originária do Paquistão, é conhecida por sua rusticidade, resistência ao calor, menor exigência nutricional e capacidade de produzir carne e leite em regiões de baixa oferta de alimento e água.
Para obter o registro PO, os animais passaram por um rigoroso processo técnico e documental, que incluiu comunicação de nascimento, avaliação morfológica, exames de DNA e marcação dos animais. Parte do rebanho seguiu o rito normal e outra parte foi registrada por meio de resgate genético, quando os pais dos animais não estavam identificados.
O rebanho atual é formado por descendentes diretos da importação de gado Sindi do Paquistão, feita em 1952. Desde 1996, a Embrapa mantém esse grupo fechado, sem cruzamentos com outras linhagens, o que garante a preservação da sua pureza racial.
Além da criação em campo, o material genético também é conservado em banco de germoplasma, garantindo sua disponibilidade para as futuras gerações.
“Estamos garantindo que as futuras gerações tenham acesso a uma genética adaptada às novas realidades de produção. Esse é o papel do núcleo de conservação: preservar e compartilhar”, conclui Dantas.