Uma dieta de alta densidade energética aplicada a novilhas Nelore pré-púberes apresentou resultados promissores para a reprodução bovina, mostra um estudo realizado pela Embrapa Cerrados em parceria com a Universidade de Brasília (UnB).
Os animais submetidos ao regime nutricional especial produziram até 21% mais embriões in vitro em comparação com dieta convencional, além de apresentarem ganhos de peso e qualidade corporal que favorecem a maturidade sexual precoce.
No experimento, 34 novilhas com peso médio de cerca de 160 kg foram divididas entre dois tratamentos: uma dieta convencional (PN1) e outra com nível de energia mais elevado (PN2), com acréscimos de 26% e 19% de energia metabolizável em épocas seca e chuvosa, respectivamente.
As novilhas sob o regime energético mais intenso recuperaram 49% mais ovócitos e tiveram 42% mais viáveis, com a taxa de produção de embriões in vitro 21% maior.
Desempenho financeiro também é melhor
Além dos benefícios reprodutivos, o estudo avaliou o desempenho financeiro: embora os custos de alimentação tenham sido maiores — 29% na estação seca e 36% na chuvosa —, a receita gerada nos diferentes métodos de produção de embriões (fresco, criopreservado e vitrificado) foi, em média, 77% superior ao grupo controle.
A margem bruta do grupo de alta energia variou de 2,1 a 2,8 vezes mais que a do grupo convencional, segundo os autores.
Como complemento, o uso da melatonina na maturação dos ovócitos e no cultivo embrionário também foi testado, com os embriões resultantes apresentando taxas superiores de desenvolvimento — até 38% de blastocistos — comparadas a controles sem o hormônio, aproximando-se dos resultados obtidos com ovócitos de vacas adultas.
De acordo com Carlos Frederico Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados, a estratégia une ganhos fisiológicos e reprodutivos. Ele destaca que novilhas com condições corporais melhores respondem com ovócitos de maior competência e possibilitam prenhez antecipada com menor intervalo entre gerações.
Os resultados são promissores para sistemas que buscam elevar a eficiência reprodutiva em bovinos de corte e acelerar programas genéticos. Entretanto, os pesquisadores defendem que novos estudos explorem diferentes cenários de preços, níveis energéticos ideais e efeitos de longo prazo sobre o crescimento, a fisiologia e a reprodução animal.