Saúde animal

Embrapa lança “Museu do Carrapato” para auxiliar o produtor no controle do parasita

Plataforma digital reúne informações estratégicas sobre o carrapato-do-boi e suas ameaças à saúde do rebanho

Leitura: 3 Minutos
Fonte: CNA (Wenderson Araujo)
Fonte: CNA (Wenderson Araujo)

A Embrapa Gado de Corte, sediada em Campo Grande (MS), lançou o Museu do Carrapato, uma plataforma digital interativa que visa apoiar pecuaristas, técnicos e profissionais rurais no combate ao carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus), um dos principais parasitas responsáveis por prejuízos econômicos na pecuária brasileira.

O projeto é resultado de décadas de estudos científicos da Embrapa focados em estratégias sustentáveis de controle do parasita.

 No ambiente virtual do museu, os visitantes têm acesso a conteúdos como:

  • Controle estratégico do carrapato;
  • Ciclo de vida do parasita;
  • Influência do clima (temperatura e umidade) na infestação;
  • Relação entre raças bovinas e suscetibilidade ao carrapato;
  • Manejo de pastagens e práticas preventivas.

Por que o carrapato-do-boi é uma ameaça ao rebanho?

O carrapato-do-boi é um parasita hematófago que, além de causar anemia, perda de peso e lesões no couro, é vetor de doenças como a tristeza parasitária bovina, que pode levar à morte dos animais se não for tratada.

Segundo o pesquisador Renato Andreotti, da Embrapa, a raça Nelore, que compõe a maior parte do rebanho nacional, tem maior resistência ao parasita, mas ainda pode sofrer impactos quando o nível de infestação é elevado.

Impactos econômicos diretos do carrapato:

  • Perda de até 90 litros de leite/ano por vaca infestada;
  • Redução de até 2,3 arrobas/ano em bovinos de corte;
  • Desvalorização do couro por lesões e miíases;
  • Aumento de custos com mão de obra, acaricidas e estrutura de aplicação.

Controle estratégico e novas tecnologias da Embrapa

Para minimizar esses impactos, a Embrapa recomenda o controle estratégico, que envolve:

  • Monitoramento do nível de infestação;
  • Escolha correta dos acaricidas, com base em testes de resistência;
  • Adoção de intervalos e métodos adequados de aplicação;
  • Uso de ferramentas complementares para manejo.

Além do Museu do Carrapato, a Embrapa desenvolveu tecnologias auxiliares, como:

  • Régua do Carrapato. Instrumento que mede o nível de sensibilidade das raças ao parasita, facilitando o manejo direcionado.
  • Sistema Lone Tick. Controle do carrapato sem uso de acaricidas, baseado na interrupção do ciclo de vida do parasita por meio do distanciamento entre hospedeiro e larvas na pastagem.
  • Vacina contra o carrapato (em desenvolvimento). Tecnologia inovadora que promete reduzir drasticamente a infestação sem uso contínuo de produtos químicos. O lançamento está previsto para os próximos anos.

Museu do Carrapato: um avanço no controle inteligente de pragas

O Museu do Carrapato é mais do que um repositório informativo — é uma ferramenta de apoio estratégico, técnico e educativo. Com ele, produtores poderão:

  • Realizar ensaios clínicos para avaliar a resistência aos produtos químicos;
  • Entender melhor o comportamento do parasita em diferentes condições climáticas e genéticas;
  • Tomar decisões baseadas em ciência para o controle eficiente.