No final de março, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) anunciou a implementação de duas novas medidas. Tais ações aumentaram o alerta entre produtores de aves e levantaram suspeitas de que a gripe aviária poderia estar próxima de chegar ao Brasil.
Entre as ações, que duram 180 dias, estão: a suspensão da criação de aves ao ar livre, sem telas na parte superior, em estabelecimentos registrados, e a proibição da realização de eventos em todo o país com aglomeração de aves.
No entanto, as medidas fazem parte do protocolo da pasta para prevenir o risco de ingresso e disseminação da doença no país. Em 2023, elas já haviam sido adotadas temporariamente.
“O produtor já está plenamente adaptado e tais medidas não têm impacto na rotina da granja”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, em entrevista exclusiva ao Broto.
“Esta é uma questão com maior impacto para quem trabalha com aves ornamentais – um setor, no entanto, que compreende a necessidade de preservar o nosso status sanitário”, completa.
Status livre
Atualmente, o Brasil é um dos únicos países do mundo considerado livre da gripe aviária perante a Organização Mundial de Saúde Animal.
De acordo com Santin, esse status se deve ao fato do Brasil aplicar protocolos altamente restritivos para preservação da própria biosseguridade. Eles incluem uma série de barreiras sanitárias, respaldadas pelos órgãos federais, como o Ministério da Agricultura, além das secretarias dos estados e municípios.
“Mas há algo mais: o Brasil tem uma cultura voltada para a preservação sanitária. Isso se impõe tanto no comportamento do produtor quanto nos cuidados da indústria e de todos que compõem a cadeia produtiva. Nosso status sanitário é um patrimônio e há um sentimento de pertencimento nisso”, diz o presidente da ABPA.
Essa cultura permite ao país aumentar, ano após ano, sua produção de carne de frango . Além disso, possibilita a consolidação por mais duas décadas como o principal exportador global da proteína avícola. “O Brasil atua em complementaridade às produções locais em todo o mundo. Isto se dá muito antes da atual crise sanitária”, explica Santin.
“Investimos em nossa imagem global como fornecedor sustentável de proteínas para o mundo e buscamos nos posicionar como entes de apoio, de forma a auxiliar a segurança alimentar das nações. Essa é uma linha estratégica que nos trouxe até onde estamos”, completa.
Oportunidades para o Brasil
Por sua vez, os Estados Unidos, que conseguiriam competir com o Brasil no mercado de exportação de frango, enfrentam a maior crise da doença da sua história, com casos de gripe aviária também sendo registrados em rebanhos bovinos e causando a morte até de humanos.
Segundo o presidente da ABPA, a grave crise enfrentada pelo país norte-americano o tornaram, “de longe, o principal mercado interessado nas exportações brasileiras”, tanto de carne de frango quanto de ovos.
“Mas há outros que estão abrindo suas portas, em especial na América Central, ou que estão incrementando as suas compras. É o caso do Japão e México, além do nosso vizinho Chile”, finaliza Santin.