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Pilares institucionais endereçam uma pecuária cada vez mais sustentável

Fim do desmatamento ilegal, recuperação de pastagens degradadas e rastreabilidade da cadeia produtiva são peças-chave

Pilares institucionais endereçam uma pecuária cada vez mais sustentável

Um estudo desenvolvido pelo projeto Amazônia 2030 analisa a expansão da pecuária entre os anos 2000 e 2023 e aponta caminhos para transformar o setor, garantindo maior produtividade e sustentabilidade. O levantamento destaca que 64% das pastagens no Brasil (105 milhões de hectares) apresentam qualidade baixa ou intermediária.

Em linhas gerais, no período analisado, a pecuária brasileira passou por avanços importantes no que tange a sua produtividade, impulsionada por incentivos econômicos e pressões ambientais, mas ainda enfrenta entraves estruturais.

Políticas agropecuárias

Políticas como o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) e a Moratória da Soja reduziram o desmatamento em cerca de 80% entre 2003 e 2012, favorecendo práticas mais produtivas. 

No entanto, o crescimento da atividade pecuária ainda pressiona a floresta: para cada hectare de pastagem reformado no Brasil, um hectare de floresta foi derrubado, e na Amazônia esse número sobe para 2,35 hectares. Em contra partida, apenas 0,2% dos pastos degradados foram reformados. O estudo propõe um conjunto de recomendações para reverter esse quadro, incluindo:

  • Fortalecer o combate ao desmatamento e garantir a destinação correta de terras públicas;
  • Condicionar o crédito rural a metas de produtividade e sustentabilidade, com assistência técnica para pequenos e médios produtores;
  • Direcionar infraestrutura e incentivos para áreas prioritárias, onde a recuperação de pastagens é mais viável;
  • Ampliar a transparência na cadeia produtiva, garantindo rastreamento da origem do gado e maior comprometimento de frigoríficos e investidores com práticas sustentáveis.

Conclusão

De acordo com o relatório, nos últimos 23 anos, a expansão da pecuária revela que é possível aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir o desmatamento por meio de incentivos práticos e controle ambiental. No entanto, falhas nas políticas públicas e privadas têm impedido um avanço mais rápido, amplo e duradouro das melhores práticas.

Assim, quase metade dos pastos estão degradados enquanto o desmatamento para pecuária continua. Diante da intensificação da crise climática, especialmente da redução das chuvas, as oportunidades para o aproveitamento produtivo de pastagens degradadas tendem a se reduzir drasticamente.

O aquecimento global segue leis físicas imutáveis: quanto maiores as emissões de gases do efeito estufa, mais rápidas e intensas serão as mudanças climáticas.

Políticos e líderes empresariais não podem hesitar. Apenas por meio de uma colaboração robusta e comprometida será possível mitigar os impactos ambientais da pecuária e promover o desenvolvimento sustentável em territórios onde a atividade ainda opera com baixa produtividade, avalia o estudo.