Profissionais da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e de outras instituições públicas desenvolveram uma nova metodologia de análise da sustentabilidade na aquicultura, com base na governança territorial. A proposta é medir não apenas os aspectos econômicos, sociais e ambientais da atividade, mas também as relações institucionais e políticas que influenciam a produção.
A metodologia foi desenvolvida pelo médico-veterinário Jorge de Matos Casaca (Epagri), pelo pesquisador Newton Rodrigues da Silva (Secretaria de Agricultura de SP) e pela especialista em Gestão Ambiental Geciane Pereira Jordani (Consórcio Iberê). O artigo com os resultados foi publicado na edição 200 da revista Panorama da Aquicultura.
O estudo foi realizado em Caxambu do Sul (SC), na microbacia do lajeado Dom José, onde seis produtores cultivam tilápia como atividade secundária. Por meio de questionários, foram coletadas respostas de aquicultores e atores sociais (como representantes de entidades, cooperativas e poder público) para avaliar 33 indicadores ligados à sustentabilidade da atividade.
Para Casaca, a sustentabilidade da aquicultura precisa incluir a dimensão da governança, ou seja, o relacionamento entre os diversos atores envolvidos na cadeia produtiva e no território. “Sem uma boa relação com os demais atores e instituições, para além da cadeia produtiva, não é possível exercer a atividade de forma sustentável”, afirma.
Os indicadores foram avaliados em uma escala de 0 a 99 pontos, com gradação de cores para identificar níveis de sustentabilidade. A média dos aquicultores foi de 64%, enquanto os atores sociais pontuaram 45,72%, revelando uma disparidade nas percepções sobre a atividade. A média geral ficou em 48,45%.
Além de facilitar o diagnóstico e planejamento territorial, a metodologia permite a construção participativa de indicadores e pode subsidiar a criação de comitês de governança territorial no futuro.