Óleos essenciais extraídos de plantas nativas da Amazônia apresentaram resultados promissores no combate a vermes que atacam as brânquias do tambaqui (Colossoma macropomum), o peixe nativo mais criado em sistema de piscicultura no Brasil. A pesquisa foi conduzida pela Embrapa Amapá, com apoio da Embrapa Amazônia Ocidental, da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e financiamento do CNPq.
O estudo avaliou o efeito terapêutico de óleos essenciais de três espécies do gênero Piper — P. callosum, P. hispidum e P. marginatum. Os dois primeiros apresentaram eficácia significativa na redução da infestação por vermes monogenéticos, sem causar mortalidade nos peixes durante os testes. Já o terceiro não demonstrou o mesmo efeito. Os tratamentos foram realizados com banhos terapêuticos em laboratório.
Os parasitas combatidos se alojam nas brânquias, prejudicam a respiração e comprometem o desempenho dos peixes em cativeiro. O controle tradicional envolve produtos químicos como formalina e albendazol, que oferecem riscos à saúde de quem aplica, ao meio ambiente e ainda podem induzir resistência nos parasitas. Segundo os pesquisadores, os óleos testados não apresentaram toxicidade e agem alterando a estrutura dos vermes, dificultando sua fixação nos tecidos dos peixes.
As plantas utilizadas no estudo foram cultivadas na Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus, e seus óleos analisados por cromatografia gasosa na Embrapa Agroindústria de Alimentos, no Rio de Janeiro. As espécies pertencem à família Piperaceae, comum na floresta amazônica e conhecida pelo uso tradicional em remédios naturais por comunidades locais.
“A partir dessas análises da composição, a gente conhece que substâncias químicas majoritárias que compõem esses óleos essenciais, que passam a ser testados na piscicultura para o controle de doenças parasitárias, ou também são testados no uso em controle de pragas e doenças em vegetais e outros animais”, afirma o pesquisador, Humberto Bizzo.
A pesquisa reforça a busca por alternativas sustentáveis no controle de doenças na aquicultura. Além de oferecer menor risco ambiental, os tratamentos com óleos naturais podem representar economia para o produtor. Estima-se que o controle de parasitas responda por até 22% dos custos operacionais na piscicultura.
Os autores alertam, no entanto, que ainda são necessários novos estudos em condições de cultivo comercial e a definição de diretrizes técnicas e regulatórias para o uso desses extratos em larga escala.