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Parceria entre Embrapa e IBGE planeja digitalizar o Censo Agropecuário 

Modelo em estudo seria o de identificar a propriedade rural por meio de ferramentas de geoprocessamento e o produtor preencheria um formulário online com informações de sua atividade 

Foto: Wenderson Araujo/CNA
Foto: Wenderson Araujo/CNA

O chefe-geral da Embrapa Territorial, Gustavo Spadotti, adiantou, nesta semana, no Congresso da Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), na capital paulista, que a empresa pública de pesquisa agrícola e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deram arranque em uma parceria, que tem como objetivo digitalizar a captação de informações para o Censo Agropecuário

Segundo Spadotti, o modelo que está em estudo seria o de identificar a propriedade rural por meio de ferramentas de geoprocessamento e o produtor preencheria um formulário online – em formato similar ao que foi implantado no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esta mudança dispensaria a necessidade das entrevistas pessoais, que demandam muito tempo e recursos

“Todo este processo, claro, será auditado, e tem como um de seus principais propósitos justamente diminuir a periodicidade do Censo, que hoje é de aproximadamente dez anos, bem como viabilizar maior precisão de dados, já que o levantamento é instrumento fundamental para a compreensão das transformações do agro e de definição de políticas públicas para o setor”, explica Spadotti.

De acordo com o chefe-geral da Embrapa Territorial, é necessário acelerar a inclusão tecnológica e digital de mais camadas de agricultores, sobretudo da produção familiar, desafio o qual a Embrapa está atenta e buscando incorporar também em sua atuação as etapas de assistência técnica e extensão rural. “A pesquisa só é, de fato, inovação, que se transforma em tecnologia quando ela é aplicada no campo, quando ela chega ao produtor rural”, afirma. 

Na avaliação de Spadotti, esta agenda de democratização tecnológica é fundamental para se reduzir assimetrias ainda existentes na realidade do agro, onde, segundo dados citados por ele, somente 2% dos produtores rurais respondem por cerca de 70% da Valor Bruto da Produção (VBP) da Agropecuária Brasileira.

“Há um dilúvio de novidades, dados, e nosso papel é o de filtrar tudo isso e entregar informação real para apoiar a tomada de decisão do agricultor,”, comenta. Ademais, Spadotti pontuou a importância da cada vez maior aproximação entre a academia e instituições de pesquisa, com a iniciativa privada. “Na Embrapa Territorial, por exemplo, boa parte dos recursos está vinculada a convênios com o setor produtivo“, disse.