
Imagine saber, com alta precisão, qual é a produtividade de cada hectare da sua fazenda – independentemente do tamanho da propriedade. E mais: transformar essas informações em novas fontes de renda por meio do mercado de pegada de carbono. Essa é a proposta da StarkSat, empresa especializada em monitoramento agrícola via satélite e parceira do Clube Broto. A tecnologia desenvolvida pela companhia fornece dados detalhados sobre produtividade, temperatura e umidade do solo, oferecendo ao produtor rural informações estratégicas para tomar decisões mais seguras e, consequentemente, rentáveis, como oportunidades no meercado de crédito de carbono.
Desde a sua fundação em 2018, a StarkSat já realizou operações em diversos países do mundo além do Brasil, como Argentina, Alemanha, Dinamarca, Espanha e Itália. “Nós já escaneamos a região inteira da Toscana, 2,3 milhões de hectares em sete dias, a pedido do governo italiano, e também já fomos avaliados pelos governos alemão e espanhol”, conta o fundador e CEO da empresa, Bernardo Arnaud.
Na Dinamarca, a empresa realizou um trabalho para o equivalente à Embrapa local, o Centro Agroalimentar, mapeando mais de 60 mil hectares de lavouras em todo o país.
Agricultura de precisão
A ideia de atuar no setor de monitoramento por satélite surgiu de uma conversa entre Arnaud e um cliente produtor rural. O agricultor havia contratado um serviço de monitoramento, mas estava insatisfeito com os resultados.“Expliquei a ele que o problema não era o serviço em si, e sim a quantidade de satélites disponíveis e fatores climáticos, como o excesso de nuvens na região”, relembra o CEO.
Foi após essa conversa, que Arnaud e sua equipe se dedicaram a construir um sistema que conseguisse coletar e avaliar as amostras de solo de uma propriedade, e gerar um diagnóstico preciso. “Hoje, se o produtor fornecer os dados que eu preciso, em até três leituras do solo, eu consigo ter – com 97% de precisão no milho e na soja – o dado de quanto vai ser a sua colheita.”
Outros serviços semelhantes costumam apresentar margens de erro entre 7% e 18%, o que torna o diferencial da StarkSat decisivo.
O empresário explica que essa taxa de erro de 3% dá muita confiança para os agricultores, principalmente para calcular os futuros da colheita. Algumas propriedades, auxiliadas pela StarkSat, já aumentaram a sua produtividade das colheitas em cerca de 5%, segundo o fundador da empresa.
Auditoria e pegada de carbono
Além do monitoramento agrícola, a StarkSat também atua auxiliando produtores a ingressarem no mercado de créditos de carbono – um setor que ainda desperta dúvidas, principalmente entre pequenos e médios agricultores.
A prática tem como objetivo incentivar a diminuição da emissão de gases de efeito estufa em diferentes áreas da economia, inclusive no agronegócio.Porém, diferentemente de outros serviços oferecidos no agro, que são práticos e claros, um serviço de auditoria de carbono pode causar um estranhamento.
“Você não contrata algo pré-definido, primeiro existe um diagnóstico, depois é que você vai entender onde e como você ganha esses créditos, e o que você pode fazer para melhorá-los”, explica. “Nós perguntamos aos agricultores até qual combustível eles usam nos tratores. Até isso pode ser um elemento para auditoria”, detalha o especialista.
Cooperação que fortalece o pequeno produtor
Para superar os investimentos iniciais que podem ser altos, tanto para o monitoramento por satélite quanto pela auditoria de carbono, a sugestão do CEO da StarkSat é pela associação de pequenos produtores para adquirirem o serviço juntos.
Assim, os custos são divididos, e a médio e longo prazo todos os agricultores participantes terão um aumento na produtividade.
“Se nos fornecerem, por exemplo, um mapeamento de fazendas em uma área de mil hectares, melhor ainda se for em terra contínua, a gente vai fazer o projeto e começar a organizar a coleta correspondente a 20% do solo dessas fazendas, o que é muito mais acessível”, explica Arnaud.
A partir daí, o produtor pode dar o próximo passo: analisar metodologias de auditoria de carbono e identificar fatores que ampliam os créditos, como áreas de reserva legal, espécies preservadas e biodiversidade local.
A parceria com o Clube Broto
A história da parceria entre a StarkSat e o Clube Broto teve início de forma quase casual. “Tudo começou por eu conhecer um diretor do Banco do Brasil, que me apresentou ao diretor do Broto, o Francisco Martinez” conta Arnaud.
“Na época em que nos conhecemos, ainda não existia o Clube Broto, mas, assim que ele foi criado, eu e meus sócios vimos a movimentação de grandes empresas do mercado para entrar no clube e logo assinamos, fomos uns dos primeiros a participar”, relembra.
De acordo com Arnaud, a conexão gerada com outras empresas do setor no Clube Broto fez com que conseguisse desenvolver uma visão muito mais ampla do mercado. Dessa forma, conseguiu perceber ótimas oportunidades para prestar serviços que outros não haviam notado.