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Agro tem que ir sem medo para a COP30

Setor tem credenciais a mostrar em boas práticas para se posicionar como parte da solução das mudanças climáticas 

Lush soybean crop at sunset, generative IA
Lush soybean crop at sunset, generative IA

O agronegócio brasileiro tem que ir sem medo para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (a COP30), que acontece em novembro, em Belém (PA), para, de fato, se posicionar como parte da solução das mudanças climáticas. Esse foi o principal recado dado por especialistas no “Seminário COP30: uma agenda propositiva“, iniciativa do Conselho do Agronegócio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), realizada na última segunda-feira (18). 

Na visão dos participantes do evento, esse posicionamento deve ser tomado justamente porque o agronegócio brasileiro tem muito a mostrar em termos de boas práticas agrícolas, proteção ambiental, oportunidades de sequestro de carbono e eficiência energética baseada em fontes limpas.

“Desenvolvemos um modelo único de agricultura tropical sustentável, que tem muito a entregar para mitigação das mudanças do clima“, destacou o coordenador do Conselho do Agro da ACSP, Cesário Ramalho. “Plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, integração-lavoura-pecuária-floresta e amplo uso de bioinsumos são somente alguns exemplos de técnicas conservacionistas e sustentáveis do nosso agro que precisam ser melhor divulgadas“, lembrou.

“Poucos sabem, aqui em nosso país e na comunidade internacional, que o Brasil está na vanguarda mundial de sustentabilidade. Em 2024, por exemplo, nossa matriz energética já era de 50% de fontes renováveis. Para efeito de comparação, no âmbito da OCDE – grupo das nações mais ricas –, o percentual é de 13% e o global fica em 14%“, ressaltou o presidente da DATAGRO, Plinio Nastari.

Nessa agenda, acrescentou Nastari, além do etanol, biodiesel e avanços relacionados ao uso cada vez mais acentuado de biogás e biometano, o potencial do Brasil para os mercados de combustíveis sustentáveis de aviação e marítimo, bem como para diesel e hidrogênio verdes, são outros trunfos que o país pode, precisa e deve apresentar na COP 30. Além disso, de acordo com Nastari, a crescente conexão entre a agricultura para produção de alimentos e energética vem impulsionado a sustentabilidade do agro nacional. 

“O resíduo do milho usado para fabricação de etanol vira DDG, que tem elevado valor proteico para ser usado como alimentação animal. Assim, intensifica a pecuária, diminuindo a pressão por novas áreas, liberando-as para a agricultura“, afirmou. 

Em sua exposição, a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, assinalou que no Brasil não existe competição de terra entre produção de alimentos e de biocombustíveis – realidade diferente na Europa, por exemplo, e mal compreendida por eles em relação a nós. 

“Na COP 30, o segmento tem que liderar a agenda, mostrando o que faz de bom, com dados e boa comunicação, para não dar margem a informações distorcidas“, ressaltou Grossi. Nesse sentido, Nastari observou que a conferência pode ser a oportunidade para debater uma harmonização global dos critérios que definem o que é e o que não é sustentabilidade. “As metodologias de análise neste sentido também precisam respeitar e reconhecer as especificidades do Brasil“, concluiu Marina.