Zoneamento topoclimático

Estudo mapeia áreas ideais para reflorestamento na Amazônia com espécies nativas

Pesquisa publicada em revista internacional revela áreas prioritárias para o plantio de espécies nativas com foco em clima, biodiversidade e renda

proteção de florestas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma nova pesquisa publicada na revista científica Forests traz uma inovação promissora para o desenvolvimento sustentável e reflorestamento na Amazônia brasileira. Liderado pela pesquisadora Lucieta Martorano, da Embrapa Amazônia Oriental (PA), o estudo aplica a metodologia de zoneamento topoclimático, que identifica as melhores áreas para o plantio de espécies florestais nativas com base em clima, solo e relevo.

A pesquisa analisou 12 espécies nativas de alto valor ecológico e econômico, entre elas o angelim-vermelho, o ipê-amarelo e a copaíba. Com mais de 7,6 mil registros georreferenciados, cruzados com dados ambientais de 1961 a 2022, os cientistas geraram mapas que classificam o potencial das áreas da Amazônia como alto, médio ou baixo para cada espécie. O estudo de reflorestamento na Amazônia é fruto de parceria entre a Embrapa, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e outras instituições.

“É uma metodologia de planejamento com enorme potencial para embasar políticas públicas voltadas à restauração florestal, bioeconomia e adaptação climática. É ciência aplicada ao território”, afirma Martorano. Os dados fortalecem instrumentos como a Lei de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), ao indicar com precisão onde práticas agroflorestais podem gerar maior retorno ambiental e econômico.

Entre os destaques, o angelim-vermelho (Dinizia excelsa) apresentou até 81% de alta aptidão topoclimática em áreas antropizadas, revelando grande potencial para a restauração produtiva. Já espécies como o marupá, mais adaptáveis, podem funcionar como “coringas” em áreas de menor adequação climática.

“Quando o país identifica com precisão onde e como reflorestar, cria melhores condições para atrair investimentos climáticos internacionais”, explica Silvio Brienza Junior, da Embrapa Florestas (PR), coautor do artigo.

Com a COP 30 prevista para novembro, em Belém, o estudo chega em momento estratégico. A publicação está disponível gratuitamente no site da revista Forests (MDPI).