Dentre os muitos desafios que os produtores rurais enfrentam diariamente no campo, um deles, por parecer óbvio e simples, acaba, muitas vezes, passando despercebido: o cuidado com o solo.
Base de toda produção agrícola, o solo é um recurso vivo que precisa ser preservado com atenção e responsabilidade. Quando bem manejado, ele garante não só safras mais saudáveis e abundantes, mas também a continuidade da atividade rural por muitas gerações.
Engana-se, no entanto, quem pensa que esse é um assunto que interessa e é debatido somente por ambientalistas. Apesar de alguns produtores ainda o subestimarem, cooperativas, empresas de máquinas e grandes tradings agrícolas estão cada vez mais atentos e aplicados nessa iniciativa.
Diante desse cenário, conversamos com representantes desses setores para entender melhor o que vem sendo feito e buscar passar algumas dicas.
Para o coordenador de agricultura digital da cooperativa agrícola Cocamar, Vitor Palaro, o agricultor precisa avançar no processo de proteção, conservação e fertilidade do solo ancorado em análise de dados e deixando o comportamento empírico para trás. “Tem muito produtor que cuida do solo sem base alguma, fazendo do mesmo jeito há anos, seguindo o que os antepassados faziam ou, pior, o que o vizinho faz”, alerta.
O CEO da InCeres — plataforma digital de agricultura de precisão que pertence a Husqvarna —, Leonardo Menegatti, acentua que o solo precisa ser entendido como uma conta bancária”.
“As entradas são os nutrientes necessários para proteção e fertilidade do solo, e as saídas, a produção que, nada mais são, que os insumos transformados em produtos agrícolas”, explica o executivo. “Tudo o que tiramos do solo — nitratos, fosfatos, potássio e nutrientes — devemos repor. Se você não substituir, será mais difícil produzir e as reservas naturais de nutrientes se esgotarão”, completa.
De acordo com o executivo, a análise do solo é imprescindível para que o agricultor compre os insumos que, de fato, a lavoura necessita, na quantidade certa e no momento mais adequado. “A análise indica de maneira personalizada qual nutriente e em qual volume está faltando e qual está em excesso. É menos perdas e desperdícios, é mais economia no bolso e aumento da produção”, comenta.
Menegatti explica, ainda, que a análise do solo também é crucial para melhorar a tomada de decisão de compra dos insumos. “Somente a partir da análise que o agricultor terá ciência do que o solo de sua propriedade precisa, na quantidade exata. Isso o fará adquirir os insumos nos volumes necessários, a fim de assegurar o rendimento por hectare sem prejuízo no bolso por comprar a mais ou a menos”, finaliza o executivo.
Segundo Bruno William, engenheiro de tecnologia agrícola da Tereos, francesa do setor sucroenergético que também atua no Brasil, é preciso investigar o que o solo precisa e é exatamente neste ponto que entram as etapas de coleta e análise do solo.
“Se o agricultor não cuida do solo, ele começa a perder produtividade ocultamente, prejuízo que só será visto mais para frente e aí pode ser tarde ou caro demais para recuperar a terra degradada”, alerta.
Em resumo, cuidar do solo não é somente uma medida ambiental, mas uma estratégia inteligente de gestão agrícola. Cada vez mais, o futuro da produção no campo dependerá da capacidade do produtor em adotar práticas sustentáveis, baseadas em dados e conhecimento técnico.
Entender o solo como um ativo valioso — que precisa ser monitorado, nutrido e preservado — é o caminho para garantir produtividade, rentabilidade e longevidade na atividade rural. Afinal, quem cuida da terra hoje, colhe os frutos amanhã — e por muitos anos.
Se você se interessa pelo assunto e deseja mudar a realidade da sua propriedade, descubra como a agricultura regenerativa pode salvar o solo brasileiro.