A safra 2024/25 de soja do Brasil ainda não terminou definitivamente. De acordo com levantamento da DATAGRO Grãos, feito com dados coletados até a primeira semana de maio, a colheita desta temporada caminha para sua reta final, com mais 95% da área já colhida, mas com alguns importantes lotes ainda a serem apanhados no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Apesar disso, começam a surgir as primeiras projeções para a safra 2025/26, que terá início no final deste ano. O Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA) já fez sua parte e lançou, no último dia 5, o calendário de vazio sanitário e de semeadura para a próxima temporada.
A primeira estimativa a aparecer, considerada uma das mais importantes pelo mercado, foi divulgada nesta terça-feira (13) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Segundo o órgão, produtores brasileiros deverão colher 175 milhões de toneladas de soja em 2025/26, contra 169 milhões de toneladas projetadas para a atual temporada, que já representa um recorde.
Quanto às exportações, o USDA projeta que o Brasil embarcará 104,5 milhões de toneladas em 2024/25 e 112 milhões de toneladas em 2025/26. Os estoques nacionais devem fechar a atual temporada em 33,31 milhões de toneladas e, no próximo ciclo, em 34,16 milhões de toneladas.
Projeções para a nova safra dos EUA de soja
Se para o Brasil a safra 2025/26 ainda se apresenta um pouco distante, para os Estados Unidos, a situação é outra. Devido ao calendário diferente, os trabalhos de plantio da nova temporada caminham a passos largos e se aproximam de 50% da área projetada (33,79 milhões de toneladas), beneficiados pelas condições climáticas adequadas na maioria do Corn Belt (Cinturão do Milho).
A primeira estimativa do USDA para a produção do país norte-americano é de 118,12 milhões de toneladas, volume levemente abaixo do colhido em 2024/25 (118,84 milhões de toneladas), quando a área semeada também foi maior (35,25 milhões de hectares).
Por outro lado, os estoques finais dos Estados Unidos na safra 2025/26 estão projetados em 9,53 milhões de toneladas, um pouco acima dos 9,32 milhões de toneladas estimadas para 2024/25 – dados revisados de 10,31 milhões de toneladas do último relatório.
“Os números trouxeram algum suporte às cotações da soja na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), referência global de preços. Por conta do corte acima do esperado nos estoques dos Estados Unidos da safra atual, pela projeção de safra nova dentro da expectativa, mas estoques bastante apertados e aquém do esperado para 2025/26”, aponta a DATAGRO Grãos.
“No entanto, o impacto positivo nos preços foi limitado pelos dados globais, com aumento não esperado nos estoques finais da safra 2024/25 e projeção de aumento para a safra nova”, ressalta a consultoria.
De acordo com o USDA, os estoques globais de soja devem subir de 123,18 milhões de toneladas ao final da safra 2024/25 para 124,33 milhões de toneladas ao término de 2025/26. Ainda ao nível global, a produção da oleaginosa deverá crescer de 420,87 milhões de toneladas na temporada 2024/25 para 426,82 milhões de toneladas em 2025/26.
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Produção brasileira de milho também deverá crescer
Assim como a de soja, a safra 2025/26 de milho do Brasil deverá superar a atual. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, produtores brasileiros deverão colher 131 milhões de toneladas de milho no próximo ciclo, contra 130 milhões de toneladas neste. No entanto, o volume projetado para 2025/26 não se configura como recorde, ficando atrás das 137 milhões de toneladas colhidas em 2022/23.
A atual safra (2024/25) de milho do Brasil atravessa um momento importantíssimo: as lavouras de inverno, que representam mais de 80% da produção nacional, se apresentam, em sua maioria, em fase final de desenvolvimento, sendo iminente o início da colheita.
A DATAGRO Grãos projeta a atual temporada em 131,7 milhões de toneladas; para 2025/26, a consultoria ainda não possui um número fechado, mas também aponta para “uma safra robusta, que dependerá de algumas variáveis como clima e nível de investimento dos produtores para se consolidar”.
Safra 2025/26 de milho recorde nos EUA
A primeira estimativa do USDA para a produção de milho dos Estados Unidos nesta nova temporada é de 401,85 milhões de toneladas, volume considerado um recorde e acima das 377,63 milhões de toneladas colhidas em 2024/25.
Os estoques do cereal do país norte-americano devem encerrar a temporada 2025/26 em 45,73 milhões de toneladas, ante 35,95 milhões de toneladas no ciclo anterior (dado revisado de 37,22 mi de toneladas no relatório mensal do departamento). Os estoques globais de milho devem sair de 287,29 milhões de toneladas ao final da safra 2024/25 para 277,84 ao término de 2025/26.
Ainda ao nível global, a produção de milho deverá crescer de 1,221 bilhão de toneladas na temporada 2024/25 para 1,265 bilhão de toneladas em 2025/26.
“No caso do milho, o levantamento do USDA também foi considerado positivo aos preços na CBOT. Nos EUA, por novo corte nos estoques da safra atual, safra nova dentro da expectativa, mas estoques na safra nova bem aquém do aguardado. Números mundiais também positivos aos preços, com cortes não esperados tanto na safra atual, como na nova”, sinaliza a DATAGRO Grãos.
Acompanhar as projeções para as safras globais e os preços internacionais das commodities é essencial para os produtores rurais, pois essas informações influenciam diretamente o planejamento da produção, a escolha das culturas, o momento de comercialização e a definição de estratégias de investimento.
Entender as tendências do mercado global permite antecipar variações de oferta e demanda, proteger-se contra oscilações de preços e tomar decisões mais assertivas, aumentando a competitividade e a sustentabilidade econômica da atividade agrícola.
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