Seja nas feiras livres, nos supermercados ou até nas quitandas de bairro, é comum encontrar consumidores em dúvida diante das bancas de frutas cítricas: afinal, ponkan, tangerina e mexerica são a mesma coisa?
Apesar de muita gente usar os nomes como sinônimos, existem diferenças importantes entre elas, relacionadas à origem, sabor, época de colheita e até às regiões em que cada fruta é mais popular.
Para acabar com as dúvidas, neste artigo, vamos explicar de forma clara as características de cada uma, suas particularidades botânicas e como elas se destacam no mercado brasileiro e internacional.
Ponkan, tangerina e mexerica: diferenças e características
A família das frutas cítricas é ampla e cheia de variações, mas poucas geram tanta confusão quanto a ponkan, a tangerina e a mexerica. Em linhas gerais, elas podem ser definidas na seguinte forma:
- Ponkan: é uma variedade de tangerina de origem asiática. Apresenta frutos de casca mais grossa, fáceis de descascar, polpa suculenta e sabor adocicado. É bastante apreciada no Brasil, especialmente em estados como São Paulo e Minas Gerais.
- Tangerina: na verdade, é o nome genérico dado a um grupo de frutas cítricas do gênero Citrus reticulata. Ou seja, tanto a ponkan quanto a mexerica são tipos de tangerina.
- Mexerica: é o termo popular utilizado em várias regiões do Brasil para designar algumas variedades de tangerina, especialmente aquelas com sabor mais ácido, gomos menores e aroma mais intenso.
Em resumo: toda ponkan e toda mexerica são tangerinas, mas cada uma tem suas próprias características e formas de consumo preferidas.
Origem e tipos de citros
Historicamente, as frutas cítricas têm origem no sudeste da Ásia, principalmente na China e na Índia. De lá, se espalharam pelo mundo por meio das rotas comerciais e, posteriormente, pela expansão marítima dos europeus. Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de citros, com destaque para a laranja e a tangerina.
No caso específico das tangerinas, existem dezenas de variedades cultivadas. As mais conhecidas no Brasil incluem:
- Ponkan: originária da China, foi introduzida no Brasil no início do século XX.
- Cravo: também chamada de mexerica-cravo, é mais ácida, com casca fina e de fácil remoção.
- Murcote: apresenta polpa firme, doce, mas com sementes em abundância.
- Clementina: mais comum na Europa, é resultado do cruzamento entre a tangerina e a laranja.
A diversidade é tão grande que, em alguns lugares, a nomenclatura muda: o que é chamado de mexerica em Minas Gerais pode ser conhecido como bergamota no Rio Grande do Sul e como mimosa em Santa Catarina.
Principais diferenças entre ponkan, tangerina e mexerica
Apesar de pertencerem à mesma família botânica, algumas características ajudam a distinguir essas frutas no dia a dia. Entre elas, destacam-se:
- Formato e tamanho
- A ponkan é maior e arredondada.
- A mexerica costuma ser menor e achatada nas extremidades.
- A tangerina, enquanto grupo, apresenta grande variação de formatos.
- Casca
- A ponkan tem casca espessa, mas que se solta facilmente da polpa.
- A mexerica possui casca fina, solta e muito aromática.
- No grupo das tangerinas, há cascas mais grossas e mais finas, dependendo da variedade.
- Sabor
- A ponkan é marcadamente doce.
- A mexerica tem equilíbrio entre doçura e acidez, com sabor mais cítrico.
- As demais tangerinas variam, mas muitas se destacam pelo frescor ácido.
- Sementes
- A ponkan geralmente tem menos sementes.
- A mexerica costuma apresentar maior quantidade.
- Popularidade regional
- A ponkan é bastante consumida em São Paulo e Minas Gerais.
- A mexerica tem forte presença em mercados locais e feiras do interior do Brasil.
- O termo tangerina é mais usado em regiões do Nordeste e em ambientes formais, como supermercados e rótulos de produtos.
Essas diferenças explicam por que muita gente chama todas de tangerina, enquanto outros fazem questão de separar cada variedade.
Cultivo e época de colheita
O cultivo das frutas cítricas exige clima tropical ou subtropical, com solos bem drenados e boa disponibilidade de água. No Brasil, a produção de tangerinas se concentra principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
- Ponkan: sua safra ocorre geralmente entre abril e setembro, sendo uma das variedades mais cultivadas devido ao sabor adocicado e à boa aceitação comercial.
- Mexerica-cravo: tem colheita mais precoce, normalmente de março a junho. É bastante comum em pomares domésticos.
- Outras variedades de tangerina: como a murcote, têm safra estendida até outubro, garantindo oferta quase o ano todo.
A citricultura tem papel relevante na economia rural, sendo fonte de renda para pequenos e médios produtores.
Independentemente da variedade produzida, o manejo correto dos pomares é fundamental para garantir frutos de qualidade. Nessa linha, o produtor deve se atentar sobretudo para a necessidade de realizar:
- a poda de formação e de produção, que ajudam a controlar o tamanho da copa e melhorar a entrada de luz;
- o controle de pragas, como o ácaro-da-leprose e a mosca-das-frutas, o que ajuda na manutenção da produtividade
- a adubação equilibrada, que garante maior doçura e coloração mais atrativa aos frutos.
Pós-colheita
Além dos cuidados necessários com os pomares durante o desenvolvimento das frutas, o pós-colheita também exige atenção redobrada dos produtores, uma vez que elas ainda estão sujeitas à perda de qualidade nessa fase do processo produtivo.
Tangerinas colhidas no ponto ideal de maturação podem ser armazenadas em temperatura ambiente por até 10 dias ou em câmara fria por períodos maiores.
Além disso, a higienização correta antes da venda agrega valor, já que consumidores associam cascas limpas e brilhantes a frutos mais frescos.
Embalagens adequadas – caixas ventiladas e sem excesso de peso – reduzem danos mecânicos no transporte, especialmente em pequenas propriedades que vendem diretamente em feiras.
Consumo e mercado das frutas cítricas
As frutas cítricas ocupam lugar de destaque na mesa do brasileiro. Ricas em vitamina C, fibras e antioxidantes, elas são consumidas principalmente in natura, mas também em sucos, doces e compotas.
A ponkan é bastante valorizada pela doçura e praticidade ao descascar, o que a torna presença garantida em supermercados durante sua safra. Já a mexerica conquista pelo aroma e pelo sabor refrescante, sendo muito consumida em feiras e mercados regionais.
De acordo com dados do setor agrícola, a produção de tangerinas no Brasil tem crescido ao longo dos anos, acompanhando a demanda interna e também a exportação, sobretudo para a Europa e a América do Norte. O diferencial está justamente na diversidade de variedades, que permite abastecer o mercado por um período mais longo.
Além disso, há uma tendência crescente de aproveitamento integral das frutas cítricas. A casca da tangerina, por exemplo, pode ser usada para preparo de chás, geleias, licores e até como ingrediente em receitas culinárias. Esse movimento amplia o valor agregado da produção e contribui para reduzir o desperdício.
Ponkan, tangerina e mexerica pertencem à mesma família, mas possuem diferenças que vão além da nomenclatura. Enquanto a tangerina é o termo genérico, a ponkan e a mexerica representam variedades específicas, com sabores, formatos e épocas de colheita distintas.
Com forte presença na cultura alimentar brasileira, essas frutas não apenas adoçam o paladar, mas também movimentam a economia agrícola. Saber diferenciá-las é uma forma de valorizar a diversidade dos nossos pomares e escolher melhor na hora da compra.
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