Segundo a Seapi, a cultura nativa do Sul do país mostra alto potencial produtivo e pode abrir novas oportunidades para agricultura sustentável, devido a sua capacidade de estocagem de carbono no solo de até 80t/ha
Foto: Francisco Lima

Em painel realizado ontem (16), na AgriZone – espaço organizado pela Embrapa na COP30, que tem como objetivo anunciar novas tecnologias –, pesquisadores e especialistas se reuniram para debater as mais recentes descobertas sobre a erva-mate. Entre elas, foi levantada a capacidade da erva, em sistemas de cultivo sombreados, estocar até 80 toneladas de carbono por hectare, além de fortalecer a resiliência climática das propriedades.

Jackson Brilhante, da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, apresentou estudos que mostram que sistemas de erva-mate sombreada funcionam como sumidouros de carbono, acumulando matéria orgânica no solo e reduzindo emissões.

Outro levantamento revelou a “vida invisível” da cultura com mais de 1.200 espécies de microrganismos no solo, reforçando o papel da erva-mate como geradora de biodiversidade, onde ela é plantada.

A erva-mate sombreada também se destaca por seu potencial econômico. Hoje, a cultura alcança produtividade média de 7 toneladas/hectre, podendo superar 20 t/ha em ervais que utilizem de tecnologias específicas para o plantio.

A Embrapa desenvolveu ainda a Carbon Matte, calculadora que mede sequestro e emissões da cadeia, auxiliando o produtor na transição para sistemas de baixa emissão de carbono. Em propriedades do Paraná e Rio Grande do Sul, o estoque de carbono chega a 176 t/ha.

Um novo movimento setorial também foi anunciado: o Pacto pelo Mate, que vai conectar a partir de 2026 mais de 2,5 mil produtores ao mercado de carbono por meio de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). A iniciativa estimulará restauração produtiva e manejo sustentável.

Outra frente em expansão é a busca por Denominação de Origem (DO) para erva-mate do Alto Taquari (RS), reforçando identidade, qualidade e valorização do produto. Representantes da Emater/RS-Ascar lembraram que classificação e certificação são essenciais para melhorar competitividade e abrir novos mercados.

Já para a Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (Sema/RS), o manejo adequado e a colheita responsável garantem segurança jurídica e ganhos ambientais. A cultura, destacou o painel, é uma aliada importante da resiliência climática, oferecendo sombra, proteção do solo e capacidade de regeneração em áreas nativas.