O número de queimadas voltou a crescer no Centro-Sul do Brasil ao longo da primeira quinzena de julho, conforme era esperado para um mês tipicamente mais seco. No entanto, os dados seguem bem abaixo dos registrados em 2024, segundo levantamento da DATAGRO com base nos números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Foram 597 focos de incêndio registrados entre 1º e 15 de julho de 2025, contra 938 em 2024, 828 em 2023 e 951 em 2022 no mesmo período. Apesar do avanço frente ao mês anterior — quando a segunda quinzena de junho contabilizou 436 focos —, o volume segue dentro da média histórica e reflete o maior teor de umidade do solo e temperaturas menos extremas em parte do dia.
“Diferentemente do ano passado, quando diversas áreas acumulavam quase 90 dias sem chuvas e enfrentavam seguidas ondas de calor, 2025 apresenta um cenário climático menos severo até o momento”, avalia a equipe da DATAGRO.
No acumulado entre abril e a primeira quinzena de julho, foram identificados 2.231 focos de incêndio no Centro-Sul, representando reduções de 54% frente a 2024 (4.875 focos), 36% em relação a 2023 (3.492 focos) e 43% abaixo de 2022 (3.943 focos). O número de queimadas também é um dos menores da última década: em 2015, ano com menor incidência recente, foram registrados 334 focos na primeira quinzena de julho, encerrando o mês com 1.108 ocorrências.
O aumento observado em julho tem sido mais expressivo em estados como Goiás e Mato Grosso, que enfrentaram menores volumes de chuva nos últimos meses. Segundo os especialistas, a ausência de precipitações e o aquecimento gradual das tardes de julho têm contribuído para o avanço dos focos de calor nessas regiões.
Previsão do tempo indica trégua no fim do mês
Apesar do tempo seco predominar na segunda quinzena de julho, há expectativa de chuvas localizadas entre os dias 27 e 28, especialmente em Mato Grosso do Sul, São Paulo e sul de Minas Gerais, o que pode conter o avanço das queimadas.
Antes disso, uma frente fria prevista para os dias 17 e 18 deve se concentrar na região Sul, provocando chuvas fracas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, seguidas por queda de temperatura entre os dias 18 e 19 no Centro-Sul — sem risco de geadas, segundo os modelos climáticos.
Para a primeira quinzena de agosto, a previsão indica chuvas acima da média em diversas áreas do Centro-Sul, o que tende a amenizar ainda mais o risco de novos incêndios.