Comissário Europeu para a Agricultura, Christophe Hansen, diz que o acordo Mercosul-União Europeia abre oportunidades de Indicação Geográfica
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Recente missão de empresários europeus ao Brasil, que contou com a participação de mais de 80 executivos do setor agroalimentar e foi chefiada pelo Comissário Europeu para a Agricultura e Alimentação, Christophe Hansen, apontou que o iminente acordo Mercosul-União Europeia tem potencial para abrir oportunidades mútuas de comércio entre os blocos no segmento de produtos agrícolas e alimentos com certificação de Indicação Geográfica (iG)

Essa certificação é um selo que reconhece a origem única de um alimento ou produto agrícola, atestando sua qualidade e tradição. No Brasil, a certificação é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e inclui as categorias de Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO)

Para o Brasil, de dimensões continentais, sabores únicos e tradições enraizadas em cada canto do território, a iG funciona como uma ferramenta poderosa para proteger produtos regionais e transformar a agricultura familiar, em específico, em uma força econômica, cultural e estratégica.

“Assim, por meio do acordo UE-Mercosul, estamos criando uma comunidade de 700 milhões de pessoas que é de grande importância, não só em termos econômicos, com a criação de um grande mercado, mas também em termos geopolíticos, como a criação de um bloco de parceiros com afinidades que favorecem o multilateralismo, o intercâmbio aberto e a sustentabilidade, tudo baseado em regras“, assinalou Hansen em encontro reservado, na capital paulista.

Na oportunidade, o comissário europeu pontuou que “se sente feliz em ver que o Brasil também está dando grande importância à indústria agrícola, às Indicações Geográficas, e que produtos como o queijo Canastra ou a cachaça sejam protegidos contra o uso indevido em outros países. O tratado permitirá o mais alto nível de proteção para as iGs tanto da União Europeia quanto do Brasil.”

Também presente ao encontro, a diretora de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fernanda Carneiro, esclareceu que diante desta agenda, vinhos e queijos europeus, por exemplo, entrarão no Brasil com menos impostos e ao mesmo tempo terão suas respectivas iGs protegidas no mercado doméstico

“Por outro lado, produtos brasileiros com Indicação Geográfica, entre os quais chocolates, café, derivados de frutas, castanhas, entre outros, sobretudo originários da sociobiodiversidade, também terão grande potencial de valor agregado e proteção de marca na Europa”, acrescentou Fernanda.

De acordo com a médica veterinária Paula Eloize, especialista em segurança dos alimentos, a iG reconhece que o produto não é só aquilo que está no prato; é o território, o clima, o modo de fazer, a cultura que o cerca. “Quando valorizamos isso, abrimos portas para o pequeno produtor competir com identidade e agregar valor ao que já sabe fazer“, explicou. No Brasil, mais de 130 produtos agrícolas possuem Indicação Geográfica registrada. 

O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Luis Rua, participou do encontro com o comissário europeu e declarou que o Brasil tem manifestado publicamente seu interesse na assinatura do acordo UE-Mercosul

“A concretização do acordo, em especial neste momento, representa um sinal positivo para o mundo, reafirmando a importância do comércio, do investimento e do respeito mútuo. O Brasil, como um país com grande potencial de consumo, oferece um mercado promissor para produtos europeus. Esperamos, por outro lado, um tratamento igualitário e reconhecimento da qualidade e sanidade de nossos produtos, que já são exportados para a Europa com sucesso”, disse Rua. 

Para se aprofundar mais no assunto, convidamos você a ler este artigo e conhecer as principais certificações de produtos agrícolas que existem no Brasil.