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Carcinicultura no Brasil: produção, desafios e tendências da criação de camarão

Descubra tudo sobre a carcinicultura no Brasil: principais regiões produtoras, desafios do setor, espécies cultivadas e panorama do mercado

Carcinicultura no Brasil: saiba mais sobre a criação de camarão em cativeiro

A carcinicultura – termo técnico utilizado para designar a criação de camarão – é uma atividade em constante crescimento no Brasil. Com grande importância econômica e social, o setor tem evoluído nos últimos anos com o uso de tecnologias mais sustentáveis e o aumento da demanda tanto no mercado interno quanto externo. 

Neste artigo, vamos explorar os principais aspectos dessa cadeia produtiva: desde as regiões com maior produção até os desafios enfrentados pelos produtores brasileiros.

O que é a carcinicultura e sua importância para o Brasil

A carcinicultura brasileira consiste no cultivo de camarões em ambientes controlados, podendo ser realizada em águas salgadas (marinhas) ou doces (continentais). Essa prática surgiu no país de forma mais estruturada a partir da década de 1970, tendo como principal objetivo o fornecimento da proteína de alto valor nutricional. 

No entanto, a importância da carcinicultura vai além da produção de alimentos. Ela impulsiona a economia local, promove o desenvolvimento de pequenas e médias propriedades e contribui com as exportações brasileiras de produtos do agronegócio. 

Além disso, o setor representa uma alternativa econômica viável para comunidades que enfrentam dificuldades com outras atividades tradicionais, como a pesca artesanal e a agricultura familiar.

Principais regiões produtoras de camarão no Brasil

De modo geral, o Brasil possui condições naturais favoráveis ao cultivo de camarões, como o clima tropical, um vasto litoral e a disponibilidade de áreas planas e alagáveis. O Nordeste concentra a maior parte da produção devido às condições climáticas ideais, disponibilidade de terrenos e tradição no manejo aquícola.

Entre os estados da região que mais se destacam na produção de camarão no Brasil, estão:

  • Rio Grande do Norte: historicamente, o maior produtor nacional; nos dias de hoje, é  responsável por cerca de 40% da produção total.
  • Ceará: possui forte tradição na carcinicultura, com infraestrutura consolidada e presença de cooperativas.
  • Bahia e Pernambuco: vêm ampliando suas áreas de cultivo nos últimos anos.
  • Pará e Amapá: são destaques na produção de camarão de água doce, especialmente em áreas ribeirinhas.

Qual a diferença entre a produção de camarão marinho e de água doce no Brasil?

A produção de camarões no Brasil se divide em dois grandes grupos: camarões marinhos e camarões de água doce. Cada um deles possui características distintas, tanto em relação ao ambiente de cultivo quanto às espécies e técnicas utilizadas.

Espécies cultivadas

Na produção marinha, a principal espécie cultivada é o Litopenaeus vannamei,conhecido popularmente como camarão-branco do Pacífico. Essa espécie se adaptou bem às condições brasileiras, é resistente a doenças e apresenta bom desempenho produtivo.

Já na água doce, as espécies mais comuns são o Macrobrachium rosenbergii (no popular, camarão-da-malásia) e o Macrobrachium amazonicum (no popular camarão-da-amazônia). Essas duas espécies são cultivadas sobretudo por pequenos produtores, com foco no consumo local.

Ambientes de cultivo

O cultivo marinho é realizado em viveiros escavados próximos ao litoral e, como o próprio nome sugere, com abastecimento de água salgada. O sistema semi-intensivo é o mais utilizado, permitindo uma produção equilibrada entre volume e sustentabilidade.

O cultivo em água doce, por sua vez, ocorre em tanques escavados ou em sistemas integrados à piscicultura. Essa produção costuma ter menor escala, mas vem crescendo com o apoio de políticas públicas e pesquisas acadêmicas.

Produção e volumes

De acordo com dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), em 2024, a área de berçário de camarão no Brasil somou 35 mil hectares e a produção nacional totalizou 210 mil toneladas.

Ao todo, 3.500 produtores atuaram na carcinicultura, sendo 2.450 microprodutores (70%), 525 pequenos produtores (15%), 350 médios produtores (10%) e 175 grandes produtores (5). 

A produção de água doce ainda representa uma fração menor, mas tem grande importância para o abastecimento de mercados locais e para a segurança alimentar de comunidades ribeirinhas e do interior.

Manejo e desafios

O manejo adequado, com boas práticas de aquicultura, uso racional da água e respeito às normas ambientais, é fundamental para a sustentabilidade da atividade. Entre os principais desafios enfrentados pelos carcinicultores estão:

  • Controle de doenças: vírus como o da mancha branca podem causar grandes prejuízos.
  • Licenciamento ambiental: muitos produtores enfrentam dificuldades burocráticas para legalizar seus empreendimentos.
  • Custo elevado de insumos: ração e larvas representam uma parcela significativa dos custos de produção.
  • Impacto ambiental: embora haja avanços, ainda existem críticas relacionadas à degradação de manguezais e à salinização de solos.

Destino comercial

Segundo cálculos da ABCC, a carcinicultura gerou uma receita de R$ 6,3 bilhões em 2024. A maior parte da produção nacional é destinada ao mercado interno, especialmente para supermercados, restaurantes e redes de food service. O camarão é um dos frutos do mar mais consumidos no Brasil, com alta aceitação entre os consumidores.

Além disso, uma parcela menor, mas ainda significativa, da produção é voltada à exportação, com destaque para países da América do Norte, Europa e Ásia. A qualidade do camarão brasileiro, aliada à rastreabilidade e certificações de origem, tem aumentado a competitividade internacional.

Mercado nacional e exportações de camarão

A valorização da culinária regional, aliada ao crescimento do consumo de pescados, impulsionou a demanda pelo produto no mercado nacional. Restaurantes, redes de fast food e supermercados são os principais canais de comercialização.

A exportação de camarão brasileiro ganhou fôlego nos últimos anos, após um período de retração causado por embargos sanitários. Com investimentos em biosseguridade e rastreabilidade, o Brasil tem conquistado novos mercados, como os Estados Unidos, Japão e União Europeia.

Entre os fatores que favorecem o aumento das exportações estão:

  • Qualidade do produto brasileiro: o camarão cultivado no Brasil possui sabor, textura e tamanho valorizados no exterior.
  • Acordos comerciais: novas parcerias têm ampliado as rotas de exportação.

A carcinicultura no Brasil representa uma atividade estratégica para o desenvolvimento econômico sustentável, especialmente na região Nordeste do país. Com o crescimento da demanda interna e externa por alimentos de origem aquática, o setor tem grande potencial de expansão.

Para isso, é fundamental superar os desafios relacionados ao meio ambiente, à legislação e à competitividade internacional. A adoção de práticas mais sustentáveis, a diversificação da produção e a valorização do produto nacional serão fatores-chave para garantir um futuro promissor à criação de camarões no Brasil.

O Banco do Brasil disponibiliza empréstimo rural para apoiar o desenvolvimento da carcinicultura. A linha de crédito atende agricultores familiares enquadrados no Pronaf e que possuem DAP válida ou CAF Pronaf ativo, exceto os integrantes dos grupos A e A/C.

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