Pecuária

Workshop da Embrapa apresenta inovações para caprinocultura leiteira na Mata Atlântica

Evento destacou uso de nanotecnologia na sanidade animal, inseminação artificial eficiente e conservação genética como avanços estratégicos para o setor

Foto:  Izabel Carneiro/Embrapa
Foto: Izabel Carneiro/Embrapa

Com foco em sanidade, reprodução e conservação genética, o 19º Workshop de Produção de Caprinos na Região da Mata Atlântica reuniu, nos dias 4 e 5 de julho, pesquisadores, técnicos e produtores no auditório do campo experimental José Henrique Bruschi, da Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pacheco (MG).

Realizado pela Embrapa, pela Prefeitura de Coronel Pacheco e pela Caprima, o evento apresentou tecnologias inovadoras e celebrou os 50 anos da Embrapa Caprinos e Ovinos, reforçando o papel da pesquisa para o desenvolvimento da caprinocultura leiteira no Brasil. O encontro contou com patrocínio da WTA e Fapemig, além do apoio da Associação de Empregados da Embrapa Gado de Leite.

Entre os destaques, a pesquisadora Patrícia Yoshida Martins, do Núcleo Sudeste da Embrapa Caprinos e Ovinos, apresentou novas abordagens no tratamento da linfadenite caseosa, com o uso de nanofibras e nanopartículas. Nos testes, as nanofibras reduziram o tempo de tratamento de abscessos abertos para oito dias, com maior biocompatibilidade, enquanto as nanopartículas mostraram-se promissoras no tratamento precoce de abscessos fechados, superando a eficácia dos antibióticos convencionais.

Outra inovação apresentada foi o Sistema Embrapa de Inseminação Artificial, que combina técnicas de manejo e protocolos para melhorar a taxa de gestação de cabras durante o ano todo. O pesquisador Jeferson Fonseca explicou que o sistema busca minimizar o uso de hormônios, tornando o processo mais eficiente e acessível aos inseminadores.

A conservação genética também foi abordada com a apresentação do pesquisador Kleibe Moraes, da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE). Ele destacou o papel dos bancos de germoplasma, que preservam material genético como sêmen e embriões. Graças a esse trabalho, raças antes ameaçadas, como a Santa Inês, hoje não correm mais risco de extinção.

Na programação, a chefe-geral da Unidade, Ana Clara Cavalcante, apresentou os avanços obtidos em 50 anos de pesquisa em caprinocultura leiteira, inicialmente focada em segurança alimentar no Nordeste, e hoje abrangendo produção, sanidade, nutrição, melhoramento e sustentabilidade. “Nosso desafio é conectar ciência à prática, com modelos produtivos intensivos, organizados e valorizados no mercado”, pontuou.

O evento ainda promoveu uma troca de experiências nacionais e internacionais. O zootecnista Luciano Piovesan apresentou dados da Expedição Bééé, que percorreu 179 municípios para mapear a realidade da caprinocultura brasileira e destacou a importância da assistência técnica contínua e da profissionalização da atividade.

Já o médico-veterinário Felipe Santos, da consultoria Qualibééé, compartilhou aprendizados obtidos em visita a produtores e agroindústrias em Portugal e Espanha. Segundo ele, o cooperativismo é o diferencial para garantir espaço e visibilidade no mercado. “Temos muito a aprender com as cooperativas ibéricas. No Brasil, precisamos nos unir para ter voz nas prateleiras dos supermercados”, disse.

No dia 5, os participantes visitaram propriedades no Circuito Serras e Cabras da Mata Atlântica. O Workshop reuniu 174 participantes, nos formatos presencial e on-line, e as palestras estão disponíveis no canal da Embrapa no YouTube.