A cafeicultura de Rondônia tem se consolidado como referência mundial em sustentabilidade com base em dados concretos de rastreabilidade e conformidade ambiental. Um estudo da Embrapa Territorial, realizado entre 2020 e 2023 com o uso de geotecnologias e imagens de satélite, revelou que 99,5% das propriedades produtoras de café da região amazônica não apresentaram desmatamento no período.
A análise abrange 100% das lavouras de café localizadas nas Matas de Rondônia, região reconhecida como berço do Robusta Amazônico, o primeiro café da espécie Coffea canephora no mundo a obter selo de Indicação Geográfica (IG) com critérios sustentáveis.
“A gente mapeou 100% das propriedades produtoras de café na Amazônia, e isso é um marco histórico na cafeicultura mundial. Com isso, descobrimos que 99,5% das propriedades são zero desmatamento desde 2020”, destacou Juan Travain, presidente da Caferon (Cooperativa dos Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia).
Além da rastreabilidade, a produção local já atende aos requisitos da nova Lei Europeia Antidesmatamento (EUDR), que entrará em vigor em breve. Essa conformidade coloca Rondônia em posição estratégica no comércio internacional, especialmente com o mercado europeu — um dos mais exigentes em critérios socioambientais.
Outro diferencial da cafeicultura rondoniense é seu balanço positivo de carbono. De acordo com o estudo “Carbo e Café”, também conduzido pela Embrapa, as lavouras da região emitem em média 4 toneladas de carbono por hectare, enquanto são capazes de captar até 6 toneladas da atmosfera, graças ao sombreamento natural e práticas de manejo agroflorestal.
Com esse perfil, o Robusta Amazônico desponta não apenas como uma commodity agrícola, mas como um ativo ambiental de conservação, com potencial de geração de receita via mercado de carbono.
“A gente espera que, logicamente, não vai vender só café futuramente, e sim que vamos poder vender carbono também. Estamos estudando muito, e o que temos observado é que a produção de café na Amazônia é um ativo florestal. Seremos um celeiro de café para o mundo, de maneira mais sustentável, obedecendo a todas as normas”, afirmou Travain.