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Cooperativas mostram força da agricultura familiar na maior feira global do varejo supermercadista 

Nomes de peso do cooperativismo agrícola brasileiro foram destaque na Apas Show 2025

Estande da Coamo na Apas Show 2024, feira internacional do varejo supermercadista, com destaque para o cooperativismo agropecuário.
Foto: Coamo/Reprodução

As cooperativas agropecuárias foram destaque na 39ª edição da Apas Show, principal evento de alimentos e bebidas das Américas e a maior feira global do varejo supermercadista, que aconteceu nesta semana na capital paulista. Por lá, estiveram presentes nomes de peso do cooperativismo agrícola, como Coamo, C.Vale, Copacol, Cooxupé, entre outras. 

A expansão das cooperativas é notável. O segmento responde por boa parte da produção agropecuária do país, bem como desempenha papel crucial nas exportações do setor, sendo protagonista por uma parcela significativa das vendas internacionais

Mas é mais do que isso. De acordo com executivos do segmento, a grande entrega das cooperativas é justamente funcionar como uma plataforma facilitadora para produtores rurais de pequeno e médio porte.

Por meio das cooperativas, os agricultores podem, por exemplo, adquirir insumos de maneira coletiva, conseguindo assim melhores condições de compra; obter assistência técnica qualificada; têm a oportunidade de industrializar sua produção e chegar de maneira direta ao varejo nacional; bem como estabelecer canais de venda para exportação. 

“As cooperativas agropecuárias passaram a competir de igual para igual com as multinacionais de alimentos em volume e qualidade por meio de produtos com marcas próprias”, disse Artur Farinha, supervisor de trade marketing da Coamo, em entrevista na Apas Show exclusiva ao Broto. 

Com 54 anos de existência, a Coamo Agroindustrial Cooperativa é a maior empresa do Paraná e aparece na 44ª posição entre as 500 maiores do Brasil no ranking Época Negócios 360º 2024.

A gigante do setor encerrou o ano passado com uma receita global de R$ 28,82 bilhões. Desse montante, R$ 694 milhões foram distribuídos entre os mais de 32 mil cooperados espalhados pelo Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Em 2024, a Coamo recebeu um total de 8,02 milhões de toneladas de produtos agrícolas, o equivalente a 2,7% da produção brasileira de grãos e fibras. No mercado externo, embarcou 4,34 milhões de toneladas de commodities e produtos alimentícios em geral, gerando um faturamento de US$ 1,88 bilhão.

Farinha destacou que entre 70% a 80% dos cooperados da Coamo são de produtores de pequeno e médio porte. “Isso mostra exatamente a essência do que é cooperativismo, de profissionalizar o agricultor familiar, inseri-lo na cadeia de valor do agro, em um processo de ganha-ganha”.

Também presente na Apas Show, Larissa Oliveira, coordenadora de marketing da C.Vale, assinalou que o cooperativismo é o melhor caminho para agregação de valor à produção do pequeno agricultor. “Aqui na C.Vale, nós trouxemos para o segmento da piscicultura o modelo de integração entre agroindústria e produtores desenvolvidos com sucesso na avicultura e suinocultura“, comenta. 

Basicamente, nesse formato, a cooperativa fornece os insumos ao piscicultor em troca da produção. “Assim, verticalizamos a cadeia, o que nos reduz custos e nos proporciona escala e maior competitividade. Ao mesmo tempo, viabilizamos a industrialização da matéria-prima do produtor, que consegue assim melhor margem de renda do que se fosse atuar de maneira individual no mercado”, completa Larissa. 

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), instituição que representa o cooperativismo nacional, participou da Apas Show, com um estande que funcionou como vitrine para cooperativas de pequeno porte. “Trouxemos grupos produtores de laticínios, café, vinhos e grãos diferenciados. O cooperativismo tem este enorme papel de impacto socioeconômico positivo, de viabilizar oportunidades e negócios à agricultura familiar“, acentuou Jéssica Dias, representante da OCB no evento. 

Ao escolher se juntar a uma cooperativa, o produtor rural reduz custos operacionais, amplia o poder de negociação e maximiza sua distribuição. Por outro lado, se ele possui uma estrutura robusta de distribuição e deseja ter maior controle sobre o preço do seu produto, o melhor caminho é a venda direta. 

Em resumo, não existe um modelo de comercialização ideal. Tanto a venda direta quanto as cooperativas têm suas vantagens e desvantagens, cabendo a cada produtor definir qual o melhor modelo para seu negócio. Para se aprofundar no assunto, confira esse artigo!