As cooperativas agropecuárias foram destaque na 39ª edição da Apas Show, principal evento de alimentos e bebidas das Américas e a maior feira global do varejo supermercadista, que aconteceu nesta semana na capital paulista. Por lá, estiveram presentes nomes de peso do cooperativismo agrícola, como Coamo, C.Vale, Copacol, Cooxupé, entre outras.
A expansão das cooperativas é notável. O segmento responde por boa parte da produção agropecuária do país, bem como desempenha papel crucial nas exportações do setor, sendo protagonista por uma parcela significativa das vendas internacionais.
Mas é mais do que isso. De acordo com executivos do segmento, a grande entrega das cooperativas é justamente funcionar como uma plataforma facilitadora para produtores rurais de pequeno e médio porte.
Por meio das cooperativas, os agricultores podem, por exemplo, adquirir insumos de maneira coletiva, conseguindo assim melhores condições de compra; obter assistência técnica qualificada; têm a oportunidade de industrializar sua produção e chegar de maneira direta ao varejo nacional; bem como estabelecer canais de venda para exportação.
“As cooperativas agropecuárias passaram a competir de igual para igual com as multinacionais de alimentos em volume e qualidade por meio de produtos com marcas próprias”, disse Artur Farinha, supervisor de trade marketing da Coamo, em entrevista na Apas Show exclusiva ao Broto.
Com 54 anos de existência, a Coamo Agroindustrial Cooperativa é a maior empresa do Paraná e aparece na 44ª posição entre as 500 maiores do Brasil no ranking Época Negócios 360º 2024.
A gigante do setor encerrou o ano passado com uma receita global de R$ 28,82 bilhões. Desse montante, R$ 694 milhões foram distribuídos entre os mais de 32 mil cooperados espalhados pelo Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
Em 2024, a Coamo recebeu um total de 8,02 milhões de toneladas de produtos agrícolas, o equivalente a 2,7% da produção brasileira de grãos e fibras. No mercado externo, embarcou 4,34 milhões de toneladas de commodities e produtos alimentícios em geral, gerando um faturamento de US$ 1,88 bilhão.
Farinha destacou que entre 70% a 80% dos cooperados da Coamo são de produtores de pequeno e médio porte. “Isso mostra exatamente a essência do que é cooperativismo, de profissionalizar o agricultor familiar, inseri-lo na cadeia de valor do agro, em um processo de ganha-ganha”.
Também presente na Apas Show, Larissa Oliveira, coordenadora de marketing da C.Vale, assinalou que o cooperativismo é o melhor caminho para agregação de valor à produção do pequeno agricultor. “Aqui na C.Vale, nós trouxemos para o segmento da piscicultura o modelo de integração entre agroindústria e produtores desenvolvidos com sucesso na avicultura e suinocultura“, comenta.
Basicamente, nesse formato, a cooperativa fornece os insumos ao piscicultor em troca da produção. “Assim, verticalizamos a cadeia, o que nos reduz custos e nos proporciona escala e maior competitividade. Ao mesmo tempo, viabilizamos a industrialização da matéria-prima do produtor, que consegue assim melhor margem de renda do que se fosse atuar de maneira individual no mercado”, completa Larissa.
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), instituição que representa o cooperativismo nacional, participou da Apas Show, com um estande que funcionou como vitrine para cooperativas de pequeno porte. “Trouxemos grupos produtores de laticínios, café, vinhos e grãos diferenciados. O cooperativismo tem este enorme papel de impacto socioeconômico positivo, de viabilizar oportunidades e negócios à agricultura familiar“, acentuou Jéssica Dias, representante da OCB no evento.
Ao escolher se juntar a uma cooperativa, o produtor rural reduz custos operacionais, amplia o poder de negociação e maximiza sua distribuição. Por outro lado, se ele possui uma estrutura robusta de distribuição e deseja ter maior controle sobre o preço do seu produto, o melhor caminho é a venda direta.
Em resumo, não existe um modelo de comercialização ideal. Tanto a venda direta quanto as cooperativas têm suas vantagens e desvantagens, cabendo a cada produtor definir qual o melhor modelo para seu negócio. Para se aprofundar no assunto, confira esse artigo!