Inovação agrícola

Pesquisas testam uso de fitoesteróis para reduzir impacto do clima na produtividade do trigo

Elicitores vegetais mostraram ganhos de até 15% na produção mesmo em áreas com déficit hídrico

Imagem de campo de trigo ilustra o lançamento do curso Expert em Manejo de Trigo, da Embrapa
Foto: Polina Rytova/Unsplash

Apesar do avanço de cultivares adaptadas e do uso de tecnologias de manejo que devem elevar em cerca de 7% a produção da próxima safra de trigo, mesmo com uma área plantada menor, a cultura segue sendo altamente vulnerável a estresses abióticos, como secas, calor excessivo e geadas fora de época. Esses eventos climáticos extremos afetam o enchimento de grãos, diminuem o teor de proteína e comprometem diretamente a produtividade do cereal.

Em 2024, por exemplo, episódios de estiagem no Paraná causaram perdas de até 20% em algumas regiões do estado, o que reduziu a oferta interna e aumentou a necessidade de importações, pressionando a balança comercial brasileira.

Para mitigar esses impactos, pesquisadores têm testado o uso de elicitores vegetais à base de fitoesteróis, substâncias naturais capazes de aumentar a resiliência das plantas diante de condições ambientais adversas. 

Ensaios recentes conduzidos por diferentes instituições apontaram que o uso dessas tecnologias pode elevar a produtividade do trigo em até 15% em áreas afetadas por déficit hídrico moderado, representando uma alternativa promissora para manter a rentabilidade mesmo sob estresse climático.

Os estudos vêm sendo realizados desde 2023 com um produto desenvolvido especificamente para as condições brasileiras, testado por ao menos cinco instituições de pesquisa em 2024. 

Os resultados indicam ganhos médios entre 7,5% e 9% na produtividade, o que pode significar um acréscimo de até 225 quilos por hectare em determinadas situações. Os ensaios consideraram diferentes tipos de manejo e níveis de severidade climática, fortalecendo a hipótese de que a tecnologia pode contribuir para a estabilidade fisiológica da planta e manutenção de rendimento frente às mudanças climáticas.

A tecnologia em questão foi desenvolvida pela Elicit Plant, empresa de biotecnologia agrícola fundada na França em 2017 e presente no Brasil desde 2021. A companhia é especializada em soluções naturais baseadas em fitoesteróis, com foco no combate aos efeitos do estresse hídrico. 

O produto testado, chamado Bomafit, foi desenvolvido para uso em culturas como o trigo e vem sendo validado em condições de campo com apoio de instituições públicas e privadas de pesquisa.