Uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) desenvolveu uma tecnologia que possibilita colher abacaxi no período de melhor preço no Espírito Santo. O controle da floração natural permite aos produtores escolher quando os frutos serão colhidos.
A solução utiliza a aplicação da aviglicina (AVG), uma substância que inibe a produção de etileno, o hormônio responsável por induzir a floração na planta. De acordo com a pesquisadora Sara Dousseau Arantes, a motivação para o estudo surgiu da necessidade de resolver a floração natural desuniforme da produção de abacaxi capixaba, fenômeno que causa colheitas irregulares, aumento de custos e dificuldade no manejo da lavoura.
Inclusive, a solução é capaz de alterar a época da colheita, uma vez que ao acontecer entre novembro e janeiro, o produtor enfrenta preços que não são atrativos para a criação da cultura.
“Com essa tecnologia, foi possível ajustar o manejo do abacaxizeiro para produzir frutos com qualidade nas épocas de melhor preço para os agricultores”, diz a pesquisadora. O projeto foi feito entre 2019 e 2020, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na fazenda experimental do Incaper em Sooretama (ES).
A aplicação da aviglicina, feita corretamente antes do inverno, se mostrou capaz de inibir até 80% da floração natural do abacaxi. “Com isso, o produtor pode realizar a indução artificial da floração no momento mais conveniente e programar a colheita em períodos mais vantajosos, como entre abril e junho, quando os preços da fruta costumam ser mais altos”, explica Sara Dousseau.
A pesquisadora também afirma que a tecnologia pode ser utilizada por pequenos produtores e agricultores familiares. “A dose recomendada é economicamente acessível e tem efeito inibidor eficiente, mas a aplicação exige cuidado com a diluição, o cronograma e as condições climáticas. Nesse contexto, o suporte da assistência técnica é ainda mais importante para garantir bons resultados com baixo custo”, diz.