A colheita de algodão em pluma da safra 2024/25 está enfrentando atrasos significativos nos principais polos de produção do país — Mato Grosso e Bahia, responsáveis por 73% e 15% da produção nacional, respectivamente. A lentidão nos trabalhos de campo se deve às condições climáticas desfavoráveis registradas nas últimas semanas.
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), analisados pela DATAGRO, até a semana encerrada em 5 de julho, apenas 7,3% das lavouras haviam sido colhidas, com avanço semanal de apenas 2,3 pontos percentuais (p.p.). O ritmo atual está 5,0 p.p. abaixo do registrado no mesmo período da safra passada e 4,4 p.p. inferior à média plurianual.
“Trata-se de um ritmo muito mais lento do que nos últimos anos (…), esse atraso é atribuído às condições climáticas adversas observadas nos principais estados produtores de algodão do país”, alertou a DATAGRO.
No Mato Grosso, chuvas atípicas durante o mês de junho atrasaram o início da colheita e comprometeram a qualidade da fibra. A expectativa, segundo a consultoria, é de aceleração dos trabalhos ainda em julho, com início nas áreas de primeira safra e posterior avanço para as de segunda safra.
Na Bahia, os problemas se concentraram na fase de desenvolvimento da cultura. A falta de chuvas em março, período crítico para o ciclo do algodoeiro, prejudicou o desempenho das lavouras. Para piorar, precipitações registradas na proximidade da colheita impactaram negativamente a qualidade da pluma. A Conab estima que cerca de 30% das áreas cultivadas no estado apresentarão produtividades abaixo das expectativas iniciais.
Apesar do cenário de adversidade, a DATAGRO pondera que as perdas reais na produção ainda são incertas, e que tudo dependerá da evolução do clima e da colheita nas próximas semanas.
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), em relatório divulgado em junho, mantém a projeção de crescimento de 10,2% na produção brasileira de algodão em pluma nesta safra. A alta será puxada pela expansão da área plantada, que atingiu 2,14 milhões de hectares, maior patamar em anos.