Previsão do tempo

Umidade nos canaviais do Centro-Sul segue elevada, mesmo com tempo seco

Chuvas de abril foram determinantes para a recuperação hídrica, favorecendo o desenvolvimento da safra

Imagem ilustra como um fungo avança como uma das opções sustentáveis para controle da broca-da-cana
Foto: Abhishek Shintr/Unsplash

Apesar da redução das chuvas e do avanço do período seco, a umidade no solo dos canaviais da região Centro-Sul do Brasil segue acima dos últimos anos, segundo análise da DATAGRO com base em dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e informações de campo.

O mês de abril marcou o encerramento do período úmido e a transição para o déficit hídrico, quando a frequência de chuvas diminui, elevando a evapotranspiração das plantas e o risco de estresse hídrico. A cana-de-açúcar, quando exposta a temperaturas superiores a 35 °C, tende a fechar os estômatos para reduzir perdas de água, limitando também a fotossíntese e o crescimento — fenômeno observado diversas vezes ao longo de 2024.

Em 2025, entretanto, o quadro é mais favorável. Até a primeira quinzena de maio, a umidade média do solo na região Centro-Sul estava em 76,5%, uma queda de 20,5 pontos percentuais em relação a abril, mas superior ao mesmo período de 2024, quando a umidade média era de 40,2%. Em 2023, a umidade caiu de 92,3% em abril para 68,4% em maio.

“As chuvas de abril foram essenciais para a recuperação da umidade, mesmo após a estiagem fora de época entre fevereiro e março e um ano de 2024 extremamente quente e seco”, destaca a DATAGRO.

Além disso, a ausência de ondas de calor seguidas, como ocorreu em 2024, tem sustentado as condições para o desenvolvimento da atual safra. A consultoria mantém sua estimativa para a safra 2025/26 em 607,6 milhões de toneladas.

Colheita avança com tempo seco

O avanço do tempo seco tem favorecido as operações de colheita, que haviam sido impactadas no primeiro mês oficial da safra (abril), quando 5,9 dias de moagem foram perdidos devido às chuvas — acima da média histórica de 3,2 dias para o período.

Na primeira quinzena de maio, as perdas foram mínimas: apenas 0,3 dia, inferior à média de 0,8 dia para o período. A decisão estratégica de algumas usinas de adiar o início da safra para aproveitar a recuperação dos canaviais também contribuiu para o melhor desenvolvimento das plantas.

Previsão do tempo

A chegada de uma nova onda de frio nesta semana não deve alterar significativamente o quadro no Centro-Sul. A previsão é de baixa probabilidade de chuvas, com temperaturas acima da média histórica, embora menos intensas do que as observadas no ano passado.

O retorno das precipitações generalizadas é esperado entre os dias 9 e 16 de junho, mas os volumes não devem ser expressivos. Junho é tradicionalmente o segundo mês com menor volume de chuvas na região, com média histórica de 36,6 mm, segundo o Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF).