A boa gestão agrícola é essencial para o sucesso de qualquer propriedade rural. Além de plantar e colher, o produtor também precisa saber administrar, seja com planejamento, controle de custos, uso eficiente de recursos e apoio da tecnologia. No entanto, é comum entre agricultores encontrar dificuldades em áreas estratégicas e acabar repetindo erros que comprometem a produtividade e a lucratividade.
De acordo com um estudo feito em 2023 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil desperdiçou 36,7 milhões de toneladas de grãos no ano de 2020 – esse número não só sugere o déficit de armazenagem no país, como também aponta o despreparo de muitos produtores com o estoque e logística de suas safras.
Neste artigo, você vai conhecer esse e outros erros comuns na gestão agrícola e como evitá-los no dia a dia do campo.
1. Falta de planejamento produtivo e financeiro
A ausência de planejamento agrícola é um dos principais obstáculos nas propriedades rurais. Muitos produtores iniciam suas safras sem metas bem definidas ou com previsões orçamentárias que não consideram possíveis imprevistos, como variações climáticas ou flutuações de preços no mercado.
Na rotina diária de uma produção agropecuária, esses fatores acabam praticados muitas vezes no improviso, o que causa o desperdício de recursos e a dificuldade para corrigir problemas a tempo. O resultado é a queda de produtividade e o aumento de custos.
Como evitar:
- Elabore um cronograma agrícola anual com todas as etapas de produção;
- Crie um orçamento detalhado, estimando receitas e despesas;
- Use um sistema de gestão rural ou planilhas bem estruturadas para acompanhar tudo com clareza.
2. Desconhecimento dos custos reais da produção
É indispensável para o produtor ter conhecimento de quanto custa produzir cada hectare ou cada tonelada, com objetivo de criar uma gestão rural eficiente. É comum que agricultores tenham apenas uma noção geral dos gastos, o que prejudica a precificação correta e o controle dos lucros – sem isso, fica impossível identificar onde estão os gargalos e determinar economias.
Como evitar:
- Registre todos os custos de produção, diretos e indiretos, para ter controle do custo de produção agrícola;
- Monitore indicadores como custo por hectare, por cultura ou por unidade produzida.
- Avalie constantemente os resultados financeiros da fazenda e compare-os com os ciclos anteriores.
3. Ausência de indicadores de desempenho
Sem indicadores, o produtor não consegue ter uma noção do rendimento da produção, se as máquinas são usadas de forma eficiente ou se os insumos estão aplicados corretamente. Nesse caso, o proprietário rural está operando no escuro, uma vez que não enxerga o que está funcionando e o que precisa mudar.
Indicadores como produtividade por hectare, consumo de insumos, uso de máquinas e eficiência da mão de obra são ferramentas fundamentais para a tomada de decisões estratégicas.
Como evitar:
- Defina KPIs (indicadores-chave de desempenho) que façam sentido para o seu tipo de produção;
- Use os dados para avaliar as operações e identificar pontos de melhoria;
- Crie rotinas de monitoramento com a equipe para analisar os números com frequência.
4. Uso ineficiente de insumos e recursos naturais
Abrindo um dos itens listados no exemplo anterior, o uso de fertilizantes aplicados em excesso, defensivos mal dosados e irrigação sem controle são exemplos de má gestão de recursos no campo, que além de causar uma alta nos custos, também impactam o meio ambiente e comprometem a qualidade da produção.
Em muitos casos, o uso ineficiente dos insumos é resultado da falta de planejamento operacional e da ausência de critérios técnicos na execução das atividades.
Como evitar:
- Utilize tecnologias de agricultura de precisão para aplicar insumos com mais exatidão;
- Faça análises de solo e clima antes de qualquer decisão agronômica;
- Mantenha as máquinas bem calibradas e os operadores treinados para evitar desperdícios.
5. Falta de controle sobre armazenagem e logística
Como abordado na abertura, um dos erros mais comuns na gestão agrícola é o controle precário de armazenagem e logística de grãos e fertilizantes. Isso leva a situações como compra duplicada de produtos, vencimento de defensivos, falta de material em momentos críticos da safra e desperdício.
Como evitar:
- Crie um sistema de controle de entradas e saídas no estoque;
- Analise todas as etapas de produção com estimativas de rendimento;
- Planeje as compras com base no consumo estimado e no calendário agrícola;
- Verifique prazos de validade e condições de armazenamento regularmente.
6. Baixa qualificação ou falta de capacitação da equipe
Uma equipe mal treinada pode comprometer toda a operação agropecuária, mesmo com bons equipamentos e insumos de qualidade. Atividades como regulagem de máquinas, aplicação de defensivos e colheita exigem conhecimento técnico constante.
Além disso, a falta de capacitação também limita o uso de novas tecnologias e a capacidade de monitoramento da produção.
Como evitar:
- Invista em treinamentos regulares para toda a equipe, do campo ao escritório;
- Participe de eventos, cursos e dias de campo para atualizar os conhecimentos da gestão;
- Incentive a troca de informações entre funcionários e gestores para melhorar os processos.
7. Resistência ao uso de tecnologia e inovação
Por fim, talvez o erro mais limitante: resistir à modernização da fazenda. Em um cenário cada vez mais competitivo, o produtor rural que não adota ferramentas tecnológicas perde eficiência, mercado e lucratividade.
Atualmente, já existem soluções acessíveis que auxiliam no controle financeiro, no monitoramento da lavoura, na previsão climática e na automação de processos – inclusive para pequenas e médias propriedades.
Como evitar:
- Dê o primeiro passo com tecnologias simples e de fácil implementação, como aplicativos de gestão agrícola;
- Busque parcerias com plataformas que façam uma curadoria das melhores soluções e ofereçam capacitação, como o Broto.
- Acompanhe as inovações do setor e avalie como elas podem ser aplicadas na sua realidade.
Ajuda na gestão agropecuária
Evitar esses sete erros não é apenas uma questão de organização, mas também separa uma fazenda estagnada de uma propriedade rural moderna e lucrativa.
Com planejamento, indicadores bem definidos, controle de custos, capacitação da equipe e uso inteligente da tecnologia, é possível transformar a gestão da fazenda e conquistar um novo patamar de produtividade.