
A área tratada com bioinsumos na agricultura brasileira alcançou 156 milhões de hectares na safra 2024/25, avanço de 13% no comparativo com a temporada anterior, indica acompanhamento da CropLife Brasil (CLB), associação que representa as empresas de pesquisa e desenvolvimento de insumos – inclusive os de base biológica. O crescimento médio anual do setor nos últimos três anos foi de 22%, taxa quatro vezes superior à média global.
Em 2024, o Congresso Nacional aprovou e o presidente Lula sancionou a lei geral dos bioinsumos, que atravessa agora período de regulamentação, que estabelecerá diretrizes específicas para produção, registro, comercialização e uso desses produtos.
“Esta etapa é fundamental para endereçar detalhes do marco-regulatório, fortalecendo ainda mais o ambiente de previsibilidade, o que favorecerá investimentos“, afirmou o diretor de assuntos regulatórios da Associação Brasileira das Indústrias de Bioinsumos (Abinbio), Artur Soares, na última quinta-feira (9), em evento na capital paulista.
A despeito deste crescimento, no mesmo encontro, o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e especialista no assunto, Rodrigo Mendes, apontou um conjunto de desafios para impulsionar a agenda de expansão desta categoria de produtos, que contempla desde defensivos, passando por inoculantes e promotores de crescimento, chegando a fertilizantes, entre outros itens.
Segundo Mendes, a cadeia produtiva de bioinsumos tem como prioridades superar o desafio de elevar a produção em larga escala industrial; pacificar a questão da produção “on farm“, ou seja, a que permite ao agricultor fazer seu próprio bioinsumo dentro de sua propriedade e que envolve questões relacionadas à segurança sanitária e qualidade; ajustes de formulação, a fim de permitir produtos mais estáveis e eficientes; capacitação do produtor em técnicas de aplicação; extensão do tempo de prateleira das tecnologias; entre outras.
“Todos estes pontos são objetos de pesquisa na Embrapa, que desenvolve parcerias com o setor privado, em particular startups, para ampliar a utilização de bioinsunos no campo”, assinalou o pesquisador, acrescentando que “o potencial da categoria de insumos de base biológica é gigantesco, haja vista que atualmente poucos ativos da biodiversidade brasileira de microrganismos são usados como matérias-primas“.
Também presente no evento, o gerente de inovação da empresa Koppert Brasil, Felipe Itihara, endossou que, de fato, os bioinsumos disponíveis no mercado doméstico hoje são lastreados em poucos microrganismos. “É preciso avançar em novos ativos e fórmulas“, disse.
Neste cenário de desafios, o presidente do Conselho de Administração da cooperativa de produtores Coopercitrus, Matheus Kfouri Marino, citou ainda o custo dos bioinsumos, que ainda, segundo ele, são mais altos para o agricultor no comparativo com os insumos químicos tradicionais.
Ademais, em sua exposição, o dirigente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Betancourt, pontuou que os bioinsumos podem ser um grande diferencial do agro brasileiro sob a perspectiva de sustentabilidade. “Não é à toa que a pesquisadora da Embrapa Soja, Mariangela Hungria, ganhou o prêmio considerado Nobel da Agricultura por estudos sobre bioinsumos.”
Para conhecer mais sobre o estudo da pesquisadora brasileira na área de bioinsumos. leia essa outra reportagem exclusiva e confira também os novos desafios que ela tem pela frente.