Pensar no futuro nunca foi tão desafiador. Se nas décadas passadas era possível projetar um amanhã a partir de tendências tecnológicas emergentes, hoje, o excesso de informação, a aceleração da inovação e a fragmentação social dificultam esse exercício.
A inteligência artificial, por exemplo, é vista por especialistas com otimismo, enquanto o público em geral a encara com desconfiança. As mudanças climáticas, a revolução alimentar, o avanço das moedas digitais e a transformação do trabalho estão entre os inúmeros vetores que compõem um cenário cada vez mais complexo e incerto.
Foi a partir dessa inquietação que nasceu o Future Hacker, um hub de conteúdo e conexão global, criado em 2020, durante a pandemia, com o propósito de mapear futuros não óbvios.
Desde então, o grupo já produziu mais de 300 episódios de podcast em três idiomas (português, inglês e espanhol), com entrevistas e reflexões sobre inovação, ciência, meio ambiente, relações humanas e sustentabilidade, ouvindo pessoas de mais de 140 países e com audiência em mais de 200.
Um espaço para o novo
Segundo Eduardo Iha, um dos sócios da Future Hackers, a ideia surgiu durante o isolamento social, a partir de conversas com pensadores do Brasil e do exterior. “Com o tempo, eu, o André e a Maria — todos com passagem pelo Grupo Abril — nos unimos neste propósito. Queríamos criar um espaço para discutir temas que fugissem do lugar comum e apontassem caminhos reais, mas pouco explorados, sobre o futuro”, afirma.
O podcast foi o ponto de partida. Em seguida, vieram as entrevistas em vídeo e os conteúdos em multiplataformas, como YouTube e redes sociais. A proposta é clara: trazer à tona discussões urgentes, com profundidade, criticidade e diversidade de perspectivas. Como explica Eduardo, a ideia é “aproximar as pessoas desses futuros que já estão sendo construídos, mas que ainda parecem distantes“.
Inovação que ultrapassa a tecnologia
Ao longo dos episódios, os temas abordados mostram que inovação não é apenas tecnológica. Ela se manifesta também em novas relações sociais, práticas ambientais e modelos de alimentação. “Conversamos com gente que está executando projetos incríveis, como agricultura urbana com IoT, verticalização de produção, proteínas alternativas e soluções sustentáveis para regiões com pouco acesso à proteína animal”, relata Eduardo.
Entre os entrevistados está Cecilia Tham, que propõe o conceito de “economia interespécies”, uma abordagem que questiona a centralidade do ser humano nos modelos de desenvolvimento e aponta caminhos mais equilibrados com outras formas de vida.
A curadoria dos convidados, segundo o grupo, parte do próprio networking internacional dos sócios e tem se expandido organicamente. “A Maria morou nos EUA, eu morei na Europa, o André tem forte vivência em comunicação. Isso ajudou muito no começo. Hoje, os entrevistados nos indicam novas pessoas e temas”, destaca Iha.
Modelo de negócios e impacto social
Após dois anos como projeto independente, a Future Hackers formalizou sua atuação com a abertura de uma empresa. Hoje, ela oferece consultorias, workshops, cursos e programas de letramento para escolas, empresas e eventos, abordando temas como cognição, uso de telas e tendências emergentes.
Além disso, foi desenvolvida uma plataforma própria de eventos com inteligência artificial, que permite captar contribuições em tempo real via WhatsApp e gerar relatórios interativos, aproximando o público das discussões propostas.
“Nosso foco é democratizar o acesso ao conhecimento sobre o futuro, ajudando pessoas a desenvolverem visão crítica e a se prepararem para as transformações que já estão em curso”, explica Eduardo.
Diálogos com o agronegócio e parceria com o Broto
O agronegócio é uma das frentes abordadas pelo grupo. Em episódios como o 53, com Iván García Besada, CEO da Néboda Farms, o foco foi na agricultura vertical e hidroponia. Em outras edições, a Future Hackers debateu foodtechs, proteínas alternativas e sustentabilidade alimentar, com destaque para os episódios 114 e 122.
“O agro é um dos pilares do futuro global, por isso sempre esteve no nosso radar”, afirma Eduardo.
Foi justamente essa afinidade temática que aproximou a Future Hackers do Broto, plataforma de negócios e inovação ligada ao Banco do Brasil. A parceria começou com a apresentação do relatório anual Future Hacker Horizons, que gerou interesse da equipe do Broto ainda nos estágios iniciais da plataforma.
Desde então, a colaboração evoluiu para conteúdos especiais voltados ao letramento digital e à construção de uma mentalidade inovadora entre produtores rurais.
A presença da Future Hacker no Clube Broto reforça esse compromisso com a inovação e o pensamento estratégico. Como uma das empresas aliadas do clube, o grupo leva sua visão provocadora e suas soluções de letramento digital para dentro do ecossistema do agro, contribuindo com a transformação da mentalidade e da cultura de inovação no campo.
Um futuro que já começou
Com linguagem acessível, conteúdo profundo e escuta ativa, o Future Hacker tem se consolidado como um hub de pensamento estratégico e criativo sobre o futuro. Para os fundadores, mais do que prever o amanhã, trata-se de ajudar as pessoas a entendê-lo e moldá-lo com consciência, responsabilidade e protagonismo.